28/07/2018 - 08:00 - 09:50 OLC2 - Educação e Formação em saúde por meio de outras linguagens IV |
21457 - NO AR CARTOGRAFIAS DA RESISTÊNCIA: CONSTRUINDO NOVOS OLHARES ATRAVÉS DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL EM UM CAPS DALMARA FABRO DE OLIVEIRA - UNISINOS, VILENE MOEHLECKE - UNISINOS
Período de Realização Este relato refere-se a uma experiência realizada entre os meses de janeiro e junho de 2017.
Objeto da Experiência Nesta, uma estagiária de psicologia e sua supervisora constroem uma produção audiovisual com usuários de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
Objetivos Baseado na teoria foucaltiana do poder, mostrou-se que, apesar de tantas conquistas a partir da Reforma Psiquiátrica, ainda persistem formas de enclausuramento. Assim, o trabalho teve como objetivo tornar visíveis as forças de resistência que operam contra a exclusão da loucura neste CAPS.
Metodologia Utilizou-se como método de pesquisa a cartografia a fim de acompanhar o processo fílmico e o que produz nos envolvidos. Assim, as pesquisadoras inserem-se neste espaço, levando consigo a câmera, sentam nos bancos a ouvir estórias e juntamente com os usuários passam a filmar diferentes momentos, sem um roteiro prévio, pois este se constrói no encontro com cada participante. Os instrumentos neste momento são a câmera, os diários e o próprio corpo.
Resultados A produção de um audiovisual como dispositivo coloca os indivíduos como protagonistas dessa história, tira do lugar de reclusão e invisibilização, além de intervir nos trabalhadores, potencializando seu fazer cotidiano e significando seu trabalho. Neste momento, a relação que se estabeleceu entre as cartógrafas e os sujeitos envolvidos foi de ‘fazer junto’ onde todos puderam filmar, falar sobre si, entrevistar, demonstrando um prazer em mostrar-se, um orgulho em poder contar sua história.
Análise Crítica Placas de acesso restrito aos funcionários misturam-se ao colorido das paredes/pessoas e confirmam um paradoxo: de um lado, um modelo de organização e controle dos corpos loucos, de outro, esses lutam para mostrar-se. Surgem linhas: Nas de vida, o dispositivo torna visível modos de existência, nas de cuidado, mostra a resistência em relação a práticas vitimizadoras e controladoras, as de desinstitucionalização apresentam um embate entre a manutenção e derrubada de estruturas manicomiais.
Conclusões e/ou Recomendações O trabalho reacende a necessidade de pensar um cuidado em saúde mental que aposta na potência dos sujeitos e lutar pela desmanicomialização dos CAPS. Assim, mais do que psicólogas a produzir um audiovisual, este relato refere-se a uma clínica da resistência e de afirmação de que os modos de vida singulares têm o direito de existirem e de serem olhados pelo social. Ao filmar, apostamos na visibilidade desta luta e dos sujeitos dela.
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