28/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC7c - Deficiência, acesso, política, planejamento e gestão |
22897 - O ACESSO A AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE NO CONTEXTO DA EPIDEMIA PELO ZIKA VÍRUS EM PERNAMBUCO: A PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE MARIA DO SOCORRO VELOSO DE ALBUQUERQUE - UFPE, ANA PAULA LOPES DE MELO1 - UFPE, SANDRA VALONGUEIRO ALVES - UFPE, THÁLIA VELHO BARRETO DE ARAÚJO - UFPE, CAMILA PIMENTEL LOPES DE MELO - FIOCRUZ, LOVEDAY PENN-KEKANA - LONDON SCHOOL OF HYGIENE AND TROPICAL MEDICINE, HANNAH KUPER - LONDON SCHOOL OF HYGIENE AND TROPICAL MEDICINE, TEREZA MACIEL LYRA - FIOCRUZ; UPE
Apresentação/Introdução A epidemia pelo vírus Zika (ZIKV) está relacionado com amplo espectro de desfechos adversos denominados “Síndrome Congênita do Vírus Zika”(CZS). O desenvolvimento de ações e serviços para atender essas condições exige compreensão detalhada do impacto da CZS na vida das famílias afetadas e a implantação de dispositivos que eliminem as barreiras de acesso ainda presentes no Sistema Único de Saúde.
Objetivos Analisar a percepção e atitudes dos profissionais de saúde em relação ao acesso à serviços e ações de saúde para crianças e famílias afetadas pela epidemia do Vírus Zika (ZIKV) em Pernambuco.
Metodologia Trata-se dos resultados parciais do componente qualitativo da pesquisa - Impactos sociais e econômicos da infecção pelo vírus da Zika no Brasil - que envolveu a FIOCRUZ, a UFPE e a London School of Hygiene and Tropical Medicine. Os resultados aqui apresentados são oriundos das entrevistas semiestruturadas, realizadas com os profissionais de saúde da rede pública do Recife e Jaboatão dos Guararapes. Utilizou-se análise de conteúdo temática (Bardin, 2009), com a técnica de condensação de significados (Kvale, 1996) . A análise foi mediada pelas categorias acesso e gênero. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FIOCRUZ, parecer 1.846.328.
Resultados Para os profissionais a oferta de ações e serviços de saúde é insuficiente, fragmentada, distribuída por vários serviços e concentrada na capital, com consequente peregrinação das mães e/ou outros cuidadores. Há impacto na vida das mulheres, no orçamento familiar, que interfere na assiduidade das crianças ao tratamento; crianças não classificadas como SCZ têm mais dificuldade de acesso. Há escassa oferta de cuidados para mulheres e familiares; observam que houve adiamento de gravidez, sobretudo nas mulheres que não usavam o sistema público. Parte dos profissionais não concebem o aborto como direito das mulheres, fruto da dimensão religiosa que perpassa suas visões e práticas.
Conclusões/Considerações As ações implantadas concentraram-se em torno das crianças, embora o estudo revele uma oferta de cuidados insuficiente e permeada por barreiras de acesso, distante de uma atenção integral. A epidemia expôs desigualdades no acesso à saúde sexual e reprodutiva das mulheres, a desassistência das mães e outros cuidadores em sofrimento psíquico, inexistência de rede de cuidados para as famílias e de ações voltadas aos determinantes sociais.
|