27/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC29b - Medicalização |
22674 - ESCRITA COLABORATIVA DE UM CONTO: PRODUZINDO SAÚDE MENTAL NA PERSPECTIVA DA SAÚDE COLETIVA FABIANA FONTOURA NASCIMENTO - CAISM DA ÁGUA FUNDA, LUCIANE KELY GARCIA - CAISM DA ÁGUA FUNDA, HEITOR MARTINS PASQUIM - UFG, ELZA NEIDE FERREIRA - CAISM DA ÁGUA FUNDA
Período de Realização O projeto de escrita colaborativa do conto ocorreu entre os meses de agosto de 2017 a maio de 2018.
Objeto da Experiência O objeto deste relato é a potencialidade terapêutica da escrita colaborativa de uma obra de ficção feita por usuários e trabalhadores da saúde mental.
Objetivos Descrever o projeto de produção de conto em serviço de saúde mental, como ciclo temático em um processo espiralado e participativo; e analisar o seu desenvolvimento, evidenciando potencialidades e limitações para o fortalecimento das capacidades remanescentes e potenciais dos usuários do serviço.
Metodologia A experiência relatada foi realizada no Hospital Dia do CAISM da Água Funda. A criação do conto está inserida em um processo participativo maior, organizado em ciclos espiralados, chamado: Clube do CD. Os sujeitos da pesquisa são 27 usuários de serviço de saúde mental e 4 trabalhadores do mesmo. O procedimento para o relato partiu de coleta de dados por meio de observação participante e análise crítica, tomando os fundamentos da saúde coletiva como referencial teórico-metodológico.
Resultados A criação do conto permitiu incontáveis catarses coletivas sobre o machismo, o amor, a morte e o estigma da loucura, que geraram sínteses que iluminavam a adição, a edição e a remoção no texto final. A colaboração coletiva foi construída a partir da criatividade das pessoas com seus recursos particulares. As estratégias trabalhadas foram definidas pelo conjunto dos participantes a partir das necessidades do grupo. Por fim, o grupo planeja apresentar publicamente o conto em forma de rádio-novela.
Análise Crítica Os resultados expostos são coerentes com os avanços da reforma psiquiátrica brasileira e com a perspectiva da saúde coletiva. A não existência de roteiro preestabelecido e a horizontalidade do processo permitiram a expressão de representações cotidianas. Esta experiência permitiu a construção de práticas alternativas ao modelo tradicional de atividades esporádicas de ocupação de tempo e práticas funcionalistas que visam o exercício do controle dos usuários da saúde mental.
Conclusões e/ou Recomendações A reforma psiquiátrica brasileira representou um avanço no sentido do cuidado e da desinstitucionalização da saúde mental. Todavia, a loucura segue sendo utilizada como categoria de acusação e um recurso para nomear e invalidar sujeitos e suas atitudes. Urge, portanto, a superação de práticas tradicionais. Espera-se que haja continuidade deste e que outros projetos possam se valer dos elementos expostos neste trabalho.
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