28/07/2018 - 14:30 - 16:00 CO29r - Reabilitação psicossocial e recovery |
22408 - SAÚDE MENTAL E VIOLÊNCIA: ANÁLISES DE TRAJETÓRIAS DE PESSOAS COM SOFRIMENTO PSIQUÍCO E/OU USO ABUSIVO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS. JARLAN MIRANDA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, PRISCILA COIMBRA ROCHA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, MÔNICA DE OLIVEIRA NUNES - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Apresentação/Introdução Compreendida enquanto um fenômeno social e historicamente construído, a violência está inscrita e enraizada nas estruturas sociais. No contexto da saúde mental, a questão da violência foi concebida e analisada de diferentes formas – do louco sem razão e violento às reflexões atuais sobre as experiências de pessoas com sofrimento mental que sofreram a violência da institucionalização.
Objetivos Este trabalho busca compreender os aspectos que se estabelecem enquanto operadores de desinstitucionalização e/ou fatores de constrangimento e vulnerabilidade relacionados às situações de violência nas experiências de usuários de saúde mental.
Metodologia Este estudo faz parte do projeto “Integralidade do cuidado e reinserção social como operadores de desinstitucionalização para pessoas com sofrimento psíquico e/ou uso abusivo de álcool e outras drogas” desenvolvido pelo NISAM/ISC/UFBA. Participaram desta pesquisa 20 usuários de saúde mental que tiveram a experiência da internação psiquiátrica, sendo 11 mulheres e 9 homens. A partir de um referencial qualitativo e etnográfico, foi utilizada a observação participante, com a produção de diários de campo e a realização de entrevistas narrativas. A análise dos dados se pautou numa perspectiva hermenêutica crítica e reflexiva das narrativas e das práticas concretas.
Resultados Nas análises foi possível identificar que os atos de violência aconteceram, sobretudo, em três contextos: no espaço doméstico; em algum serviço ou instituição pública/privada de tratamento, cuidado ou de cumprimento de pena; ou ainda na comunidade ou espaço da rua. Nesse sentido, destacamos o quanto é presente nestes três contextos uma certa “institucionalização da violência” no modo de tratar e se relacionar com as pessoas com sofrimento mental. Por outro lado, foram identificados também atos violentos realizados pelos participantes deste estudo. Contudo, as ações de violência perpetradas por eles tendiam a emergir em contextos de reação a algum tipo de violência sofrida previamente.
Conclusões/Considerações Estes aspectos, quando analisados em contexto, apontam para a necessidade de uma reflexão ampliada sobre o tema da violência na saúde mental, tomando-a enquanto fenômeno complexo, superando a ideia de periculosidade do louco a partir da compreensão dos aspectos geradores de constrangimento e/ou vulnerabilidade, e dos atos de resistência e de enfrentamento das violências realizados pelos usuários de saúde mental, como atos relacionados entre si.
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