28/07/2018 - 14:30 - 16:00 CO29q - Saúde mental de grupos específicos |
23110 - ANÁLISE DAS DIMENSÕES DE GÊNERO E RAÇA NO ATENDIMENTO EM SAÚDE MENTAL: ESTUDO DE CASO EM CAPS II DO DISTRITO FEDERAL AMANDA ARAGÃO DE OLIVEIRA - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, JÉSSIKA LARISSA SOUSA LIMA - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, LUCÉLIA LUIZ PEREIRA - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Apresentação/Introdução O trabalho parte do reconhecimento dos Determinantes Sociais em Saúde enquanto influenciadores do processo saúde-doença e da existência de uma expressiva lacuna de estudos que articulam as dimensões de gênero e raça ao abordar saúde mental, considerando-os eixos fundamentais de análise do processo de adoecimento de homens, mulheres e negros/as.
Objetivos Analisar de que forma as representações dos papéis de gênero influenciam na construção do perfil de usuários do CAPS e como a questão racial é inserida pelos profissionais no atendimento.
Metodologia Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada em um Centro de Atenção Psicossocial II do DF entre 2016 e 2017. Consistiu na realização de entrevistas semiestruturadas com oito profissionais de diferentes áreas de atuação: Serviço Social, Psicologia, Enfermagem e Terapia Ocupacional. Realizou-se a articulação entre os dados coletados em campo e os achados bibliográficos acerca do tema. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) e da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. Foi garantido o anonimato da instituição e de seus profissionais em todas as fases da pesquisa.
Resultados No CAPS existe uma relação entre demandas de homens e mulheres e as exigências sociais para construção de um “ser ideal” de acordo com os estereótipos de gênero. O papel do cuidado feminino perpassou o discurso das profissionais enquanto justificativa para a maior demanda de mulheres pelos serviços. A dimensão racial é invisível na instituição e há uma ausência da variável cor/raça nos formulários utilizados no CAPS, impossibilitando o reconhecimento das demandas específicas da população negra. O debate de gênero encontra-se contemplado na instituição, ainda que embasado em visões estereotipadas. O debate da questão racial é ínfimo, uma vez que inexiste atividades direcionadas a tal questão.
Conclusões/Considerações No CAPS, gênero foi pouco contemplado e raça não foi considerado na atenção em saúde mental. É necessário reconhecer a interação entre os eixos gênero, raça e saúde mental. Tais eixos devem ser considerados como vetores para construção de práticas profissionais efetivas. O sexismo e o racismo configuram-se como potenciais produtores de iniquidades em saúde, portanto, é imprescindível considerar tais eixos na atenção em saúde mental.
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