28/07/2018 - 14:30 - 16:00 CO29p - Cuidado em saúde mental (sessão 2) |
21802 - CLÍNICA E GESTÃO NO TRATAMENTO COM PSICOFÁRMACOS NA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: ANÁLISE A PARTIR DE INQUÉRITO COM USUÁRIOS DE CAPS RAFAEL FREITAS COLAÇO - UNICAMP, ROSANA TEREZA ONOCKO CAMPOS - UNICAMP
Apresentação/Introdução O uso de medicações é uma das terapêuticas mais indicadas na rede de atenção psicossocial sendo sustentada no meio psiquiátrico como fundamental no tratamento de transtornos mentais graves. Pesquisadores e militantes têm questionado a coação exercida nos serviços visando a introdução precoce e o uso continuado de medicações advogando por maior participação do usuário na gestão do tratamento.
Objetivos Descrever características de co-gestão no tratamento com medicação nos CAPS de 4 grandes municípios brasileiros e explorar associações com perfil sócio-demográfico, diagnóstico, itinerário na rede de saúde e resultados do tratamento.
Metodologia 1- Aplicação de questionário estruturado a 1630 usuários de CAPS nos municípios de Campinas, Fortaleza, Porto Alegre e São Paulo;
2- Coleta de dados secundários e qualitativos sobre a composição, organização e efetividade da rede de saúde mental;
3- Análise descritiva e comparativa dos dados sobre a gestão do tratamento com psicofármacos nos CAPS de cada um dos municípios;
4- Análise multivariada visando aferir a força de associação entre variáveis de co-gestão do tratamento e perfil sócio-demográfico, diagnóstico, itinerário na rede e resultados do tratamento;
5- Discussão dos resultados a partir de triangulação da análise do inquérito com análise de dados secundários e qualitativos.
Resultados A maior parte dos usuários em tratamento nos CAPS iniciou uso de medicação em outro serviço. Quase a totalidade dos usuários recebeu medicação ao iniciar tratamento nos CAPS sendo que a maior parte desse grupo recebe a medicação já no primeiro atendimento. Entre 55,2% e 40,7% (a depender do município) referiu não ter recebido informação sobre o tempo necesário de tratamento com medicação.
Uma proporção bastante alta de usuários relatou já ter alterado a dose da medicação sozinho (40,5% a 28,7%) ou ter sido medicado contra a vontade (35,7% a 15,6%) o que indica limites na construção de consenso entre equipe e usuários sobre o uso de medicação.
Conclusões/Considerações Os usuários de CAPS participam pouco do processo de decisão sobre o tratamento com medicação. Há problemas desde a oferta de informação até a construção de consenso envolvendo a introdução e uso continuado da medicação. As causas para a baixa adesão ao tratamento são inúmeras e devem ser analisadas para cada caso individual levando-se em consideração a organização das redes, dos serviços e das práticas em saúde mental.
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