27/07/2018 - 13:10 - 14:40 CO29i - Cuidado em saúde mental (sessão 1) |
22421 - A LOUCURA AGENCIADA NO COTIDIANO DE UMA MULHER: ANÁLISE DE UMA TRAJETÓRIA DE CUIDADO MATRICIADO JARLAN MIRANDA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, MÔNICA DE OLIVEIRA NUNES - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Apresentação/Introdução As práticas de matriciamento de saúde mental na atenção básica (AB) têm se apresentado como importante ferramenta no avanço e consolidação de ações no território e de cuidado não especializado em saúde mental. Mesmo com algumas iniciativas, pouco conhecemos acerca das mudanças nas condições de vida e saúde das pessoas em sofrimento mental acompanhadas pela AB a partir das ações de matriciamento.
Objetivos Esse estudo buscou analisar a trajetória social de uma mulher acompanhada por um grupo de matriciamento de saúde mental na atenção básica, de forma a evidenciar as mudanças nas ações de cuidado e sobre suas condições de vida.
Metodologia Esta pesquisa faz parte do projeto “Efeitos da prática de matriciamento em saúde mental no Distrito Sanitário da Liberdade, Salvador/BA”, desenvolvido pelo NISAM/ISC/UFBA. Com um referencial qualitativo e etnográfico, foi utilizada a observação participante e realizadas entrevistas narrativas com agentes comunitários de saúde para levantamento dos casos matriciados mais marcantes. Estes foram identificados e reconstruídos com a participação dos usuários e, para o atual trabalho, foi escolhido um caso desta pesquisa para reconstrução da trajetória em profundidade, pautada numa perspectiva hermenêutica crítica e reflexiva das narrativas produzidas e das práticas concretas.
Resultados Flora, mulher negra e pobre, cresceu em condições precárias e hostis. Com uma gravidez na adolescência, se desorganiza psiquicamente após o parto, quando teve sua primeira experiência de institucionalização, mas é a partir do nascimento e morte da segunda filha que agrava seu sofrimento mental. Foi no espaço de retorno à liberdade, que pode encontrar um lugar de expressão, de acolhimento e de reinvenção da vida. Seu cuidado foi potencializado com a participação de uma Unidade de Saúde da Família (USF) e, sobretudo, com o matriciamento nesta USF. Esta possibilita-lhe um local de referência, que tem permitido ampliação do seu espaço de circulação, acolhimento e construção de novos vínculos.
Conclusões/Considerações Os aspectos analisados sinalizam mudanças importantes no processo de cuidado direcionado para a integralidade e ampliação do acesso à saúde e, por conseguinte, mudanças na qualidade de vida da pessoa acompanhada. Evidenciam ainda o desafio de desenvolver ações em saúde mental que aconteçam em diálogo com os diferentes dispositivos socais, comunitários e públicos, exigindo uma prática que extrapole, cada vez mais, os muros dos serviços de saúde.
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