27/07/2018 - 13:10 - 14:40 CO29f - Álcool e Drogas - Aspectos sociopolíticos |
24246 - RITUAL DE CONSUMO DE CRACK EM PESSOAS CONVIVENDO COM HIV/AIDS E EM SITUAÇÃO DE RUA: VULNERABILIDADES E DESAFIOS MARIA RAQUEL RODRIGUES CARVALHO - UECE, JHENNIFER DE SOUZA GÓIS - UECE, CYBELLE FAÇANHA BARRETO MEDEIROS LINARD - UECE, MARIA SALETE BESSA JORGE - UECE
Apresentação/Introdução Conviver com HIV/aids, em situação de rua e usando crack é delineado por singularidades que ultrapassam a infecção pelo vírus HIV e o uso da droga em si. O ritual de consumo e comercialização da substância e sua relação com a soropositividade e o estigma construído em torno destas pessoas atribuem complexidade a esta relação e colocam esse modo de viver como um desafio para o cuidado em saúde.
Objetivos Compreender o ritual de uso e consumo de crack por pessoas que vivem com HIV/Aids e estão em situação de rua.
Metodologia Trata-se de um recorte de uma dissertação de mestrado intitulada “Entre “noieiros”, “drogueiros” e “anormais”: experiências de vida das pessoas que vivem com HIV/aids e fazem uso de crack”. De natureza qualitativa, a pesquisa desenhou-se por meio de imersão etnográfica em uma “cracolândia” localizada no município de Fortaleza/CE. A proximidade com o território foi o principal objeto de conhecimento utilizado para a produção dos dados. Os dois principais sujeitos foram Maria e Davi, com os quais foram realizadas entrevistas em profundidade. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (UECE), obtendo parecer favorável de n° 1.921.925.
Resultados O crack, geralmente, não é a primeira droga experimentada, inicia-se com drogas mais “leves”. O consumo de múltiplas drogas junto com o crack é comum. O “padrão” de uso mais comum é o compulsivo, contudo, pessoas com mais tempo de uso parecem conseguir obter um padrão de uso mais controlado. Também é possível limitar esse consumo na participação de atividades de trabalho. Quando percebem o adoecimento do corpo, o uso é cessado e as estratégias de cuidado se iniciam para então estarem “aptos” a retornar o uso, já que é isto que lhes “resta”. Os determinantes sociais são os principais desafios desta relação, uma vez que o uso de crack é “suicida” quando a substância é única fonte de prazer.
Conclusões/Considerações A pesquisa ratificou que o cuidado direcionado a estas pessoas precisa ser em liberdade, no território, pois elas não chegam aos serviços formais, procuram o hospital apenas quando já estão em estado debilitado de saúde. Suas experiências de vida são indispensáveis para pensar as ações e os modos de produzir cuidado, precisando-se produzir uma ética do cuidado, fortalecedora da política de Redução de Danos.
|