26/07/2018 - 13:10 - 14:40 CO29d - Gestão em serviços de saúde mental/ RAPS |
26581 - AVALIAÇÃO DO PAPEL DO PROGRAMA DE VOLTA PARA CASA NA DESINSTITUCIONALIZAÇÃO EM SALVADOR - BA LAIS FERREIRA SOARES - UFSB, RENÊ LUÍS MOURA ANTUNES - UFSB, SANDRO MENEZES OLIVEIRA - UFSB, DANIELA VIANA DA SILVA - UFSB, SAMUEL MARTINS DE JESUS BRANCO - UFSB, MICAELA BORGES SANTOS BARBOSA - UFSB, ADINAILTON DELMIRO DOS SANTOS - UFSB, ANDRÉ VINICIUS PIRES GUERRERO - FIOCRUZ, ANTÔNIO JOSÉ COSTA CARDOSO - UFSB, GABRIELA ANDRADE DA SILVA - UFSB
Apresentação/Introdução A criação do Programa de Volta para Casa (PVC), em 2003, e dos Serviços de Residências Terapêuticas (SRT), em 2000, impulsionaram o processo de desinstitucionalização e resgate da cidadania das pessoas com transtornos mentais submetidas a longas internações hospitalares. Passados 14 anos, faz-se necessário avaliar o impacto do PVC quanto ao processo de desinstitucionalização e reintegração social dos beneficiários.
Objetivos Avaliar o papel do PVC no processo de desinstitucionalização em Salvador - BA e analisar o impacto do programa na vida dos beneficiários no que diz respeito à autonomia, contratualidades e acesso à rede de serviços de saúde no seu território.
Metodologia Trata-se de pesquisa qualitativa que usou as técnicas de observação participante e entrevistas em profundidade. Foram selecionados os 11 beneficiários mais antigos do PVC. Todos vivem em 4 SRTs. Um beneficiário recusou assinar o TCLE, restando dez participantes. Entre janeiro e fevereiro de 2017, foram realizadas 11 visitas aos 4 SRTs para observação participante e 02 entrevistas em profundidade com gestores locais e cuidadores. Os pesquisadores relataram suas experiências em 13 diários de campo, que subsidiaram a construção de narrativas (uma para cada participante). Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FIOCRUZ Brasília sob o Parecer 1.699.082.
Resultados O principal achado da pesquisa foi a evidente ampliação da autonomia dos beneficiários. Alguns cuidadores relataram que, no início, os usuários não sabiam lidar com dinheiro, chegando a rasgá-lo. Após a vivência nos SRTs, aprenderam a dizer o que querem, a transitar pelas ruas e alguns ainda voltaram a estudar. Todas têm um CAPS de referência e cuidadores. Apesar das críticas quanto à insuficiência do valor do benefício do PVC (R$ 412,00) e à infraestrutura precária de alguns estabelecimentos, o PVC permitiu aos beneficiários a autonomia de decidir o que comprar ou como gastar o dinheiro, e favoreceu as suas relações interpessoais.
Conclusões/Considerações O PVC e os SRTs foram ferramentas efetivos no processo de desinstitucionalização e reintegração social dos beneficiários, mediante esforços das equipes para estimular a retomada de habilidades cotidianas e autonomia dos sujeitos. O desafio tem sido não reproduzir nos SRTs o modelo assistencialista da era manicomial, o que implicaria em substituir uma instituição total por outra, deixando de cumprir os objetivos da Reforma Psiquiátrica.
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