Comunicações Orais Curtas

28/07/2018 - 08:00 - 09:50
COC10e - Determinação Social, Desigualdades e Promoção da Saúde

25127 - PERFIL DE PACIENTES HANSENIANOS EM USO DE TALIDOMIDA EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DE MINAS GERAIS
PAULA LANA DE MIRANDA DRUMMOND - UFMG, FUNED, ROBERTA MÁRCIA MARQUES DOS SANTOS - FUNED, CRISTIANE MENEZES DE PÁDUA - UFMG

Apresentação/Introdução
A hanseníase é uma doença crônica negligenciada que acomete parcela significativa da população brasileira. A talidomida é utilizada no tratamento de pacientes que desenvolvem eritema nodoso hansênico. A compreensão dos riscos do uso deste medicamento é de extrema importância para se evitar problemas relacionados ao tratamento, como a teratogenicidade.


Objetivos
Descrever o perfil sociodemográfico e clínico de pacientes hansenianos em uso de talidomida e avaliar questões relacionadas aos riscos do tratamento.


Metodologia
Estudo transversal de pacientes hansenianos em uso de talidomida, maiores de 18 anos, em tratamento no Hospital Eduardo de Menezes (HEM), em Belo Horizonte, serviço de referência em infectologia do estado de Minas Gerais, no período de julho a outubro de 2016. Foi aplicado questionário padronizado contendo perguntas relacionadas a dados sociodemográficos e clínicos dos pacientes, questões relacionadas à orientação médica e compreensão do tratamento e os riscos relacionados.


Resultados
De 110 pacientes, 65% eram homens com idade média de 47,5 anos. Cerca de 80% recebia até dois salários mínimos, 70% possuía ensino fundamental, 10% nunca estudou. Metade dos pacientes residia fora de Belo Horizonte e 87% usavam carro do SUS para ir ao HEM. Cerca de 12% desconhecia o motivo do uso da talidomida, 75% usava mais de quatro medicamentos e 53% apresentou mais de dez eventos adversos durante o estudo. A maioria (56%) se lembrou de orientações sobre modo de uso, 50% do uso individualizado do medicamento, 47% dos riscos relacionados à gravidez e 5% não recordava ter recebido orientações. Mulheres em idade fértil usavam anticoncepcional, mas 74% dos pacientes não usava preservativo.


Conclusões/Considerações
Os pacientes hansenianos apresentaram perfil de fragilidade social (baixa renda e escolaridade) com dificuldades no tratamento adequado com talidomida, medicamento estigmatizado, por ser teratogênico. A centralização do atendimento no centro de referência resulta em dificuldade de acesso a serviço de saúde de qualidade. Novas abordagens ao paciente devem ser exploradas, com o objetivo de melhorar a orientação, o cuidado e prevenir danos.

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