28/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC2j - Alimentação e Nutrição: Pesquisa e aspectos teórico-metodológicos |
27161 - COMIDA DE TRABALHO: MAIS QUE CALORIAS E NUTRIENTES, UM FENÔMENO SOCIAL NATHÁLIA CÉSAR NUNES - USP, DANIELA MENEZES NEIVA BARCELLOS - UFRJ, FABIANA BOM KRAEMER - UERJ, MARIA CLÁUDIA DA VEIGA SOARES CARVALHO - UFRJ, SHIRLEY DONIZETE PRADO - UERJ
Apresentação/Introdução A cidade abarca a dinâmica cotidiana do trabalho. Na literatura epidemiológica, conclui-se que o aumento da alimentação fora do domicílio tem relação com a obesidade e doenças crônicas. Para os estudos socioantropológicos, o “comer fora de casa” associa-se à modernidade alimentar. Mais que pensar calorias e nutrientes, compreendemos tais transformações alimentares como um fenômeno social.
Objetivos O objetivo do estudo foi compreender sentidos e significados da comida de trabalho para um grupo de trabalhadores de uma Unidade de Alimentação e Nutrição, da cidade do Rio de Janeiro.
Metodologia O estudo foi realizado no Restaurante Cidadão Getúlio Vargas localizado em Bangu na cidade do Rio de Janeiro. Este restaurante é um equipamento público destinado a uma população vulnerável socioeconomicamente, com o principal objetivo de oferecer refeições nutricionalmente balanceadas a preços acessíveis. A pesquisa foi de natureza qualitativa e interpretativa. A coleta dos dados realizada através de entrevistas semiestruturadas. O material foi analisado à luz da Análise do Discurso, de Orlandi (2010). Dez trabalhadores da empresa que faz a gestão do processo produtivo das refeições do restaurante foram entrevistados após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados Para os trabalhadores deste estudo, a comida fora de casa resume-se, praticamente, a que é consumida no local de trabalho, visto que o fator econômico influencia diretamente no cotidiano alimentar dessa população. O almoço é dividido em dois momentos: no primeiro eles podem se servir à vontade das preparações que compõem o balcão de distribuição, já no segundo é ofertado apenas o que sobrou no fim do expediente do restaurante. Para eles, a comida de trabalho é sem graça e sem sabor, com pouco sal e pouca gordura, principalmente pelo fato de ser produzida em grande quantidade e para um público majoritariamente idoso, num curto período de tempo e, sobretudo, sem afeto.
Conclusões/Considerações O reconhecimento do comer é pautado nas relações sociais e estilos de vida e de alimentação do indivíduo. O gosto pela comida envolve ações biológicas e de identidade com base em questões sociais, culturais, religiosas, de memória alimentar, entre outros aspectos representativos do comer. A comida neste estudo é produzida sem preocupação com o sabor e sem as mediações incorporadas na intimidade dos indivíduos, sendo destituída de um olhar social.
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