27/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC2c - Alimentação e Nutrição: Corpo, subjetividade e cultura |
21417 - A PERCEPÇÃO DA OBESIDADE NO PÓS-PARTO: A VISÃO QUE MULHERES ATENDIDAS NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE DE MANGUINHOS TEM SOBRE O PRÓPRIO CORPO LUCIANA NOVAES MOREIRA - ENSP, DENISE CAVALCANTE DE BARROS - ENSP, MÍRIAN RIBEIRO BAIÃO - UFRJ, MARIZE BASTOS DA CUNHA - ENSP
Apresentação/Introdução No decorrer da vida o corpo passa por modificações, em particular nas mulheres, durante o período da gestação, quando acontecem intensas mudanças que podem refletir em sua saúde. A preocupação com o ganho de peso gestacional se destaca, mas a problemática do ganho excessivo nesse período, pode trazer repercussões em outras esferas, necessitando um olhar mais cuidadoso no pré-natal e pós-parto.
Objetivos Perceber a visão que mulheres, as quais realizaram o pré-natal na atenção básica, em Manguinhos, Rio de Janeiro, possuem sobre o excesso de peso no período pós-parto.
Metodologia Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, de cunho etnográfico11, desenvolvido com mulheres que fizeram o pré-natal em duas unidades de atenção básica, em Manguinhos, no Rio de Janeiro, no período de 2015 a 2016. A coleta resultou em 17 entrevistas com mulheres adultas que estivessem no primeiro ano pós-parto e que receberam o atendimento de pré-natal em uma das unidades. As informações coletadas foram gravadas, transcritas, classificadas e analisadas a partir de uma adaptação da análise de conteúdo temática de Bardin. A pesquisa foi aprovada pela Escola Nacional de Saúde Pública - CAAE 53114116.0.0000.5240.
Resultados As entrevistadas tinham idade entre 20 e 44 anos. Em relação a avaliação antropométrica, medida pelo Índice de Massa Corporal, onze tinham sobrepeso e seis, obesidade. As mulheres trouxeram uma visão de não-aceitação do próprio corpo e a gestação veio como grande causa dessa mudança corporal negativa. O peso do corpo refletiu o peso da vida em relação ao trabalho, filhos, afazeres domésticos, entre outras situações, levando ao cansaço visível e uma dificuldade de adaptação a uma nova realidade. As mudanças físicas geraram mudanças sociais e emocionais, contribuindo para maior instabilidade emocional, levando ao isolamento da mulher, além de um sofrimento pela perda de autoimagem corporal.
Conclusões/Considerações A existência de componentes não-biológicos que permeiam a vida das mulheres precisa ser reconhecida como demandas de saúde. O modo como elas expressaram a obesidade, leva a uma reflexão sobre a abordagem na prática do cuidado à saúde da mulher. O olhar do profissional de saúde precisa ser cuidadoso e atento, e oferecer um acolhimento dessa mulher, uma escuta qualificada e uma oferta de apoio às dificuldades inerentes à gestação.
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