27/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC21a - Atenção básica: vivências e desafios |
26641 - DESIGUALDADES SOCIAIS E ATENÇÃO PRIMÁRIA: INTERSECCIONALIDADES ENTRE CLASSE, GÊNERO E RAÇA NO CUIDADO EM SAÚDE LUCIA CONDE DE OLIVEIRA - UECE, SANDRA COSTA LIMA - UECE, DELANE FELINTO PITOMBEIRA - UECE, MÁRCIA ANDRÉIA BARROS MOURA FÉ - UECE, DANIELLY MAIA DE QUEIROZ - UECE
Apresentação/Introdução A desigualdade social é marca da sociedade brasileira, atravessando as relações cotidianas nos serviços de saúde. A atenção primária, referência na coordenação do cuidado, constitui atenção diferenciada, sendo o acolhimento e o vínculo importantes diretrizes nessa construção. A aproximação com o território vivo e a vida das pessoas e comunidades é fundamental para um cuidado integral.
Objetivos Nessa perspectiva, o objetivo deste trabalho é refletir sobre o perfil dos usuários de serviços de atenção primária no município de Fortaleza, buscando evidenciar sua relação com o contexto social que o envolve.
Metodologia O estudo é de natureza qualitativa e apresenta resultados parciais da pesquisa “Organização das redes de atenção à saúde no Ceará: desafios da universalidade do acesso e da integralidade da Atenção”, aprovada pelo comitê de ética em pesquisa, CAAE nº 36453414.0.3002.5684, desenvolvida pelo Laboratório de Seguridade Social e Serviço Social (LASSOSS) do curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Ceará. A pesquisa foi realizada no período de julho 2015 a agosto de 2016, em três unidades básicas de saúde do município de Fortaleza. Para o presente estudo, a produção dos dados foi feita através de entrevistas semiestruturadas, gravadas e transcritas com dezesseis (16) usuárias.
Resultados A democratização e universalização do acesso à saúde requer o conhecimento das demandas e condições de vida da população. O perfil revelou que as pessoas que acessam os serviços da atenção primária são, majoritariamente, mulheres, negras, pobres, com baixa escolaridade, com precários ou sem vínculos trabalhistas ou previdenciários, e sobrevivendo com renda familiar inferior a dois salários mínimos. Nenhuma das mulheres referiu participar de movimentos sociais, sindicatos ou conselhos. Neste sentido, o perfil encontrado se relaciona aos estudos contemporâneos que trazem a interseccionalidade entre classe, gênero e raça como marcas estruturantes do Brasil, as quais desafiam o cuidado em saúde.
Conclusões/Considerações Os resultados apontaram questões estruturais da sociedade marcada pela desigualdade social, racial e de gênero, as quais estão presentes cotidianamente nos serviços de saúde, mesmo que invisibilizadas pelos discursos da democracia racial, e/ou pela naturalização das opressões e desigualdades. Abre-se aqui uma linha de investigação sobre como essas realidades são percebidas pelos profissionais de saúde e interferem no cuidado integral.
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