27/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC21a - Atenção básica: vivências e desafios |
21268 - ALIENAÇÃO DO TRABALHO EM SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: UM EFEITO PROTETOR. LILIAN SOARES VIDAL TERRA - UNICAMP
Apresentação/Introdução O modelo biomédico, a perda de autonomia frente ao mercado de capital, desde a formação, bem como o gerencialismo, contribuíram para o surgimento – também no trabalho médico no SUS – do processo de alienação. Porém, para que desenvolva responsabilidade sanitária possa prover um cuidado de qualidade, torna-se essencial que o médico esteja consciente de seu trabalho e seu papel social.
Objetivos Assim, objetivo geral da pesquisa da qual deriva o presente recorte foi investigar o modo como as lógicas contraditórias de gestão do trabalho e o mercado de capital influenciam na alienação do trabalho médico na Atenção Primária em Saúde.
Metodologia Por meio de entrevistas e observação participante, investigamos, descrevemos e analisamos o fenômeno de alienação entre médicos trabalhadores da APS de Campinas, buscando possibilitar a construção de estratégias para a ampliação da autonomia e responsabilidade sanitária dos trabalhadores da saúde. Foram entrevistados médicos de 4 unidades de 2 dos 5 distritos de saúde do município, totalizando 15 participantes. As entrevistas foram confrontadas com a observação, de modo a se observar contradições no discurso. A análise se deu por meio da construção de narrativas por núcleos temáticos, a partir do referencial teórico marxista e dos principais estudos acerca da profissão médica no Brasil.
Resultados Observamos que características do trabalho na APS relacionam-se com menor grau de alienação: a prática ampliada no território e menos focada em ações programáticas; a constituição em equipes, que reduz a hierarquização e democratiza o trabalho; o diálogo e o compartilhamento de saberes, que nos pareceu provocar reflexão entre os trabalhadores. Os profissionais que praticavam maior e mais continuado vínculo com a comunidade mostravam-se mais autoconscientes e menos confortáveis em seu papel como normatizadores. A medicina de comunidade constituiu-se num esforço simultâneo para aumentar o coeficiente de autonomia e de autocuidado dos usuários e de promover reflexão entre os trabalhadores.
Conclusões/Considerações No serviço público de saúde, a alienação que resulta de uma relação saúde-sociedade capitalista é confrontada por práticas contra-hegemônicas de cuidado. Essas práticas podem implicar na construção de dinâmicas alternativas à ordem alienada do capital, uma vez que é no cotidiano que se produz a consciência da alienação e é a partir dela que os seres sociais serão capazes de autotranscender positivamente a alienação.
|