29/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC18c - Segurança do paciente e uso de medicamentos |
26240 - ANÁLISE DA PRESCRIÇÃO DE BENZODIAZEPÍNICOS PELO MEDICO DE FAMILIA NO MUNICIPIO DE RIO DE JANEIRO MARINA ANDREA - IMS/UERJ, RAFAELA TEIXEIRA ZORZANELLI - IMS/UERJ
Apresentação/Introdução Existe uma discrepância entre os motivos pelos quais os médicos receitam BZDs e a percepção dos usuários de porque recebem essa medicação (BRITTEN & UKOUMUNNE, 1997). A pesquisa conduzida, de cunho qualitativo, procurou refletir sobre os determinantes que pesam na decisão do médico de família pela prescrição do BZD, no contexto da Estratégia Saúde da Família (ESF), no município do Rio de Janeiro.
Objetivos Elaborar uma análise sobre como o uso do BZDs é negociado entre médico e usuário, indagando os significados do fármaco no imaginário do prescriptor e os recursos alternativos à medicação levados em consideração pela equipe, na amostra estudada.
Metodologia Os médicos de família com inserção na ESF foram recrutados pela técnica bola de neve, encaminhando o convite para participar pessoalmente, por mensagem de texto ou por e-mail. Os candidatos interessados deram aceite assinando o TCLE, respondendo um questionário semiestruturado que foi gravado e transcrito para análise. O roteiro abordou a percepção do médico sobre as queixas em relação ao uso de BZDs; a aplicação de estratégias de descontinuação e as alternativas oferecidas no lugar do fármaco nas consultas. Entrevistaram-se 12 profissionais, no período de julho a dezembro de 2017.
Resultados Os entrevistados relataram predomínio de consultas para renovação da prescrição de BZDs. Ansiedade, insônia e depressão foram os motivos mais frequentes de uso. Houve menção a queixas somáticas inespecíficas, dor crônica, hipertensão arterial e à dependência. Os entrevistados relataram preocupação com a otimização e redução das doses dos BZDs. Onze dos entrevistados referiram realizar propostas de descontinuação, uma vez estabelecida a aliança terapêutica. Ainda, a taxa de sucesso dessa intervenção foi considerada baixa pelos entrevistados. Houve menção à oferta de atividades de lazer, exercício físico, inclusão em grupos e encaminhamento para apoio matricial, como alternativas ao fármaco.
Conclusões/Considerações O compromisso com o uso racional em contraste com a preocupação pelo uso indiscriminado de BZDs se manifestaram na pressão, nos dilemas e constrangimentos relatados pelos médicos de família. A hierarquização das queixas junto ao usuário marca a possibilidade do cuidado compartilhado, onde o fármaco constitui apenas um dos recursos disponíveis. A ênfase na integralidade pode ter reflexos na saúde no longo prazo, em termos do uso de medicamentos.
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