29/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC11c - Justiça social, equidade e Acesso à saúde de populações especificas |
26986 - PESQUISAS CLÍNICAS SOBRE PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO AO HIV, ACESSO À SAÚDE, ACESSO A MEDICAMENTOS E SEXUALIDADE LUIZA LENA BASTOS - UFRJ, MIRIAM VENTURA - UFRJ
Apresentação/Introdução Estudos clínicos sobre eficácia, segurança e aceitabilidade do Truvada (300TDF/200FTC) têm sido realizados, em sua maioria, com homens gays. Em 2011 o estudo FEMPrEP foi interrompido por não demonstrar eficácia em mulheres cisgênero. Conhecer a contribuição destas pesquisas na construção social da demanda e do acesso ao medicamento é central para a compreensão da ética e do direito à prevenção.
Objetivos Apresentar resultados parciais de pesquisa em andamento que investiga a intervenção de saúde pública – profilaxia pré-exposição ao HIV – que focaliza homens que fazem sexo com homens e mulheres transexuais para promover prevenção ao HIV.
Metodologia Pesquisa qualitativa que investiga as interações intersubjetivas e simbólicas dos sujeitos sociais, adotando os conceitos de direitos sexuais, acesso à saúde e ética em saúde pública, para compreender como o acesso à PrEP oral vem sendo construído no Brasil. Utilizou-se pesquisa bibliográfica, documental, observação participante e entrevistas para coleta de dados. A pesquisa documental foi realizada para mapear o campo de estudo. A observação participante ocorreu em um estudo clínico demonstrativo no Rio de Janeiro. Realizou-se entrevistas com participantes do estudo, médicos e especialistas em HIV no Rio de Janeiro/Brasil e em São Francisco/EUA.
Resultados Resultados parciais indicam que pesquisas clínicas têm guiado indicações e o acesso à PrEP oral para populações-chave, em maior vulnerabilidade de infecção pelo HIV, principalmente homens gays. Nota-se que estudos voltados para mulheres transgênero e cisgênero ainda são escassos. Algumas das justificativas são "biológicas", alega-se que são corpos mais difíceis de pesquisar. Outras questões podem envolver decisões de amplo mercado consumidor para homens gays, como observa-se nos EUA, primeiro país no mundo a aprovar PrEP oral. Assim, mulheres cisgênero têm reinvidicado o acesso ao medicamento como mais uma tecnologia capaz de garantir-lhes direitos sexuais e reprodutivos.
Conclusões/Considerações Os resultados apontam a construção de demanda por PrEP oral para uma população “sob risco” ao HIV. Importante considerar tecnologias voltadas para populações mais vulneráveis, já que iniquidades atravessam grupos identitários e podem ter impacto na saúde. No entanto, para que uma proposta de prevenção como a PrEP seja de fato efetiva e de amplo acesso, normas que regulam a sexualidade devem ser consideradas para além do “risco”.
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