28/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC20i - Avaliação na Atenção Primária em Saúde e a Intersetorialidade |
28402 - AVALIAÇÃO EM TERRITORIOS MARCADOS POR CONFLITOS E VIOLENCIAS: SISTEMATIZAÇÃO E PROBLEMATIZAÇÕES SOBRE OS PROBLEMAS ÉTICOS E METODOLÓGICOS HÉLÈNE LAPERRIÈRE - UNIVERSITY OF OTTAWA, MAX GASPARINI - UNIFESP
Apresentação/Introdução As comissões de ética consideram a relação pesquisador-participante um espaço no qual se “constrói continuamente no processo da pesquisa, [...] implicando reflexividade e construção de relações não hierárquicas” (CNS 1990). Nesta ficção de um mundo de iguais, elas oferecem poucas sugestões, aonde os pesquisadores experimentam ameaças à vida quando convivem em áreas conflituosas.
Objetivos Abrir o debate sobre os aspectos éticos e metodológicos da produção de conhecimentos micro-locais; abordar às ameaças à vida para os pesquisadores na área da saúde e problematizar a avaliação em áreas conflituosas e com violência.
Metodologia Uma praxis de reflexividade crítica atrelada às experiências de pesquisador e avaliador em abordagem interdisciplinar de meta-avaliação com uma análise sociopolítico para avaliação participativa. Dois casos únicos se deram no Brasil em contextos e programas diferentes (prevenção de DST-AIDS com trabalhadoras do sexo, saúde mental com pessoas com transtornos mentais graves), ambos apresentando questões éticas e metodológicas desafiadoras. A releitura das notas de campo é um esforço de objetivar a subjetividade do pesquisador. Becker (2014) aponta o modelo de detectores de complicações para destacar elementos incomuns observados.
Resultados Através de analogias entre os dois contextos micro-locais foi possível identificar um fenômeno caracterizado por verdadeiras aberrações entre a prescrição de participação social idealizada teoricamente e sua concretização empírica. Buscaremos respostas na determinação social dos conhecimentos derivada da teoria da dependência. Quando pesquisadores e participantes convivem e coabitam no mesmo bairro, com estruturas políticas personalistas, acessam a informação secreta que explica a desorganização da implantação de um projeto de saúde que, por sua vez, foi baseado em evidência politicamente correta. Através da descontextualização, o conhecimento inconveniente é descartado.
Conclusões/Considerações Até que ponto as estruturas hierárquicas altas preocupam-se com a constituição dos atores sociais no espaço das decisões políticas locais? Até que ponto são banalizados os riscos de vida para aqueles que fazem as ações prescritas? Temas essenciais continuam intocáveis em debate técnico-politico. Assim, as avaliações de programas em saúde reforçam a imagem de um mundo fictício, sem subversões.
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