29/07/2018 - 08:00 - 09:50
COC28b - Cooperação Internacional em Saúde nas Regioes de Fronteira Brasileira |
21998 - INTERAÇÕES SOCIOCULTURAIS DOS MÉDICOS CUBANOS DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS
CARLOS EDUARDO SIQUEIRA - UMASS BOSTON, LEONARDO CAVALCANTI - UNB
Apresentação/Introdução
O presente estudo buscou contribuir para a análise do fenômeno migratório contemporâneo no Brasil por meio do estudo dos imigrantes qualificados, temporários, que participaram do Programa Mais Médicos (PMM). A pesquisa estudou as interações socioculturais dos médicos cubanos, que compõem o maior coletivo estrangeiro do Programa Mais Médicos.
Objetivos
Analisar a interação sociocultural dos imigrantes cubanos que participam do Programa Mais Médicos em diferentes áreas geográficas e contextos socio-culturais.
Metodologia
Foram realizadas 92 entrevistas semi-estruturadas em dezenove estados, a partir de um roteiro que contemplava sete blocos temáticos. Foram também realizados três grupos focais com para obter informações sobre a experiência dos médicos cubanos, que não tinham sido contempladas diretamente nas entrevistas. As entrevistas foram analisadas para elicitar temas e os depoimentos e situações descritas classificados em três eixos: a) processos de integração sócio-profissional; b)processos de integração comunitária e c) processos de integração sociocultural, onde evidenciou-se a partilha de valores e práticas culturais cubanas e brasileiras.
Resultados
A relação com a comunidade apresentou diferenças de acordo com o porte das cidades. Nas grandes cidades, onde a rotina diária é mais penosa e o estilo de vida mais individualizado, os relatos dos médicos demonstraram uma integração menor com a comunidade. Em contrapartida, nas pequenas e médias cidades, o estabelecimento de relações com vizinhos e/ou no bairro das UBS foi mais imediato, próximo e frequente. A integração comunitária dependeu, no primeiro momento, do acolhimento e solidariedade da comunidade e, em seguida, dos laços de amizade e de afeto que eventualmente se estabeleceram. As atividades profissionais dos médicos cubanos em todas as localidades brasileiras foram intensas.
Conclusões/Considerações
Os processos integrativos múltiplos e variados em espaço tão curto de tempo são a novidade que emerge dos depoimentos colhidos Os médicos cubanos interagiram com equipes de saúde e não se limitaram a tratar de pacientes, mas criaram vínculos pessoais e afetivos com eles, e com a comunidade na qual se estabeleceram, por vezes de maneira intensa e duradoura. Numa palavra, verificamos processos de quase completa integração na vida das comunidades.
|
