29/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC30e - Pessoas Privadas de Liberdade |
22652 - “PARA TODAS AS DORES, OS MESMOS REMÉDIOS”: A SAÚDE NO CÁRCERE SOB OS OLHARES DE INTERNOS DE UM PRESÍDIO NO ESTADO DA BAHIA. FLÁVIO HENRIQUE BARREIROS MACHADO - UESC, LUAN SANTANA SILVA - UESC, AMANDA SILVA RODRIGUES - UESC, POLLYANNA ALVES DIAS COSTA - UESC
Apresentação/Introdução A contemporaneidade sinaliza questões de saúde que colocam a população privada de liberdade no sistema prisional em destaque. Documentos inserem formalmente essa população na cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS) e elencam normativas que objetivam direcionar as ações do Estado e o fomento e aplicabilidade das políticas públicas. Contudo, o cuidado demandado e o disponibilizado se distanciam.
Objetivos Conhecer a percepção das pessoas, quando em situação de cárcere, acerca das instâncias de cuidados à saúde que lhes são ofertadas no sistema prisional.
Metodologia Estudo descritivo-exploratório, de abordagem qualitativa. Participaram quatorze internos de um presídio do Sul da Bahia. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, utilizando-se, para análise das falas, o modelo de categorias temáticas. Depois de transcritas, as falas originaram categorias, tratadas por meio da Análise de Conteúdo e discutidas à luz de literaturas pertinentes. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), sob o parecer 2.168.846/2017.Foram identificadas duas categorias: I) Experiências, saúde e confinamento: o corpo que sente; II) Além de si: o corpo biopolítico.
Resultados As categorias identificadas apontam que a dialética acerca da saúde da população privada de liberdade no sistema prisional apresenta-se como necessidade fundamental para dar visibilidade às questões que se mantém fadadas à marginalidade e distanciadas da realidade social. Nas falas, afirma-se que saúde é de responsabilidade do Estado e reconhece-se que, a mesma, perpassa por diversas questões que vão desde aos direitos sociais e o respeito à dignidade humana. A partir desse desenho da realidade descrita e percebida, emerge a necessidade de se pensar acerca da noção de humanidade que se estabelece no ambiente do cárcere, destituindo paradigmas enraizados sob a luz da desumanização.
Conclusões/Considerações O abandono da população privada de liberdade no sistema prisional brasileiro geram importantes questões de saúde. Argumentar que presidiários não são dignos de cuidados, destituindo as suas subjetividades humanas parece ser o senso-comum. Contudo, produzir desigualdade omitindo a relevância dos sujeitos é um ato negligente e distante do que é imprescindível para compor saberes e práticas que tem no humano a sua essência.
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