28/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC30d - Vulnerabilidades Variadas |
26349 - IMPACTOS SOCIAIS E ECONÔMICOS DA SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA: A PERSPECTIVA DE CUIDADORES FAMILIARES QUE NÃO SÃO MÃES DAS CRIANÇAS ANA PAULA LOPES DE MELO - UFPE / IAM, CAMILA PIMENTEL LOPES DE MELO - IAM, MARIA DO SOCORRO VELOSO DE ALBUQUERQUE - UFPE, SANDRA VALONGUEIRO ALVES - UFPE, TEREZA MACIEL LYRA - IAM / UPE, THALIA VELHO BARRETO DE ARAÚJO - UFPE
Apresentação/Introdução Em 2015 Pernambuco tornou-se o epicentro de uma inesperada epidemia microcefalia e outras alterações físicas e neurológicas associadas à Síndrome Congênita do Zika (SCZ). Essas crianças exigem cuidados diferenciados que são, geralmente, centralizados na figura materna, mas algumas famílias contam com o suporte de outros cuidadores, como pais, avós e tias que também vivenciam os impactos da epidemia no seu cotidiano.
Objetivos Analisar percepções, atitudes e crenças cuidadores (não mães) em relação aos impactos do nascimento de uma criança com SCZ no cotidiano da família e no acesso aos serviços de saúde.
Metodologia Trata-se de um recorte do componente qualitativo do estudo multicêntrico Impactos Sociais e Econômicos da Infecção pelo Zika Virus no Brasil. Os dados apresentados são oriundos dos trabalhos em Recife/PE. Foram realizadas 15 entrevistas semiestruturadas com familiares que participam dos cuidados de crianças com SCZ, identificados em serviços de referência da rede SUS ou indicados pelas mães das crianças. Os cuidadores entrevistados foram avós (6), pais (6), tias (2) e avô (1). Todos eram moradores da Região Metropolitana de Recife. Os resultados foram analisados a partir das técnicas de análise de conteúdo e condensação de significados. Projeto aprovado em Comitê de Ética.
Resultados O cenário de alarme nacional e de emergência em saúde pública gerou insegurança para as famílias e uma corrida por respostas e cuidados frente a incerteza sobre a SCZ e o prognóstico das crianças. Essa peregrinação aparece num cotidiano marcado pela dificuldade de deslocamento na cidade e consultas variadas em diferentes serviços. Aponta-se a ineficiência do estado diante de questões sociais estruturais e das atuais necessidades das crianças. A participação em pesquisas remete, muitas vezes, a uma relação utilitária e pouco cuidadosa com as famílias. Em meio a tal dinâmica, há uma relação parental permeada por afeto e resiliência, realçados pela ideia de dádiva da adversidade.
Conclusões/Considerações Algumas abordagens têm destacado a sobrecarga das mães nos cuidados dos filhos com a SCZ. Esse fato foi corroborado por esse estudo que, por outro lado, evidenciou a não exclusividade do lugar materno no cuidado. Além disso, ao expandir a escuta para outros sujeitos e gerações revela-se contextos de vulnerabilidades anteriores à epidemia e participações masculinas no contexto de cuidado não tão evidentes nas relações desiguais de gênero.
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