Comunicações Orais Curtas

27/07/2018 - 08:00 - 09:50
COC30b - Pessoas em situação de rua

26817 - ACESSO DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NA ATENÇÃO BÁSICA: UMA ANÁLISE DAS PRÁTICAS INSTITUÍDAS
LUA SÁ DULTRA - UFBA, MÔNICA DE OLIVEIRA NUNES DE TORRENTÉ - UFBA, JOÃO ANDRÉ SANTOS DE OLIVEIRA - UFBA

Apresentação/Introdução
O fenômeno da população em situação de rua é uma das consequências do crescimento desordenado das grandes cidades, associado à não garantia dos direitos básicos constitucionais. O seu sofrimento psíquico, as dificuldades de comunicação e inserção institucionais, o uso de substâncias psicoativas e as diferentes formas de sociabilidade nas ruas interferem no acesso aos serviços de saúde.


Objetivos
Compreender a relação das pessoas em situação de rua com os serviços da Atenção Básica, utilizando o acesso e a sua barreira como norteadores da análise, a partir das tecnologias organizacionais e de cuidado existentes nas práticas.


Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório, no Centro Histórico de Salvador. A metodologia utilizada foi a etnografia, com inserção no campo há 3 anos, utilizando-se a observação participante e a realização de entrevistas semi-estruturadas com trabalhadores de saúde da Atenção Básica e com as pessoas em situação de rua do território.


Resultados
A população em situação de rua do Centro Histórico de Salvador, apesar de circular por uma região com ampla oferta de serviços de saúde, apresenta dificuldades no acesso aos serviços da Atenção Básica, o que inclui uma Unidade Básica de Saúde tradicional e uma Unidade de Saúde da Família. Percebeu-se que a dificuldade no acesso não se deu apenas na dificuldade de entrada no serviço, com a exigência de documentos e Cartão Nacional do SUS e consultas apenas por agendamento, mas também na perspectiva do cuidado. A percepção saúde-doença dessa população nem sempre é considerada, tampouco o respeito ao seu estilo de vida, uso de substâncias psicoativas e autonomia.


Conclusões/Considerações
Tanto na perspectiva da entrada do serviço quanto do cuidado, situações de violência institucional foram observadas. Conclui-se que as características do território, como a dinâmica do tempo nas ruas, a relação das pessoas com o seu corpo e os processos de pauperização dessa população não são levados em conta na organização do processo de trabalho e no cuidado, de forma que as práticas instituídas pelos serviços apontam para o risco de cristalização.

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