27/07/2018 - 13:10 - 14:40 CO30c - Pessoas em Situação de Rua |
26512 - A VULNERABILIDADE DOS USUÁRIOS DE CRACK NO ESTADO DE PERNAMBUCO: UM ESTUDO SOBRE CULTURA DE USO RENATA BARRETO FERNANDES DE ALMEIDA - UNIFAVIP E FBV, NAÍDE TEODÓSIO VALOIS SANTOS - IAM-FIOCRUZ, KEILA SILENE DE BRITO E SILVA - UFPE, ANA MARIA DE BRITO - IAM-FIOCRUZ, SOLANGE APARECIDA NAPPO - UNIFESP
Apresentação/Introdução O consumo do crack no Brasil é um fenômeno de rápida expansão, principalmente entre a população de maior vulnerabilidade social. Estudiosos apontam para o aumento do uso da droga como um sintoma de dinâmicas sociais mais profundas de alienação, racismo e marginalização social. Compreender a cultura de uso do crack é fundamental para o desenvolvimento de ações efetivas no cuidado aos usuários.
Objetivos Considerando a relação entre vulnerabilidade e uso prejudicial de drogas, este estudo objetivou compreender a cultura de uso do crack no estado de Pernambuco, tendo como recorte central a marginalização social.
Metodologia O estudo foi desenvolvido por meio de uma abordagem qualitativa. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 39 pessoas (homens, mulheres e travestis), maiores de 18 anos, que faziam uso de crack regularmente e eram atendidas pelo Programa Atitude, o qual compõe a Política Estadual de Assistência Social e objetiva responder à situação de vulnerabilidade social de usuários de drogas e seus familiares, sendo referência no cuidado aos usuários de crack e outras drogas em Pernambuco. Os dados foram analisados com base na técnica de análise de conteúdo de Bardin, sendo utilizado o software NVivo 10.0.
Resultados Os resultados foram distribuídos em quatro eixos temáticos:
1. Formas de uso: há uma preferência pelo uso solitário da pedra
2. Ambientes de uso: são escolhidos espaços escondidos ou privados onde não possam ser vistos. O ambiente de uso é descrito como insalubre e conflituoso.
3. Regras de convivência: foram mencionadas regras de convivência que são importantes para minimizar situações conflituosas. Não honrar dívidas com o traficante, roubar ou usar o crack nos arredores do ambiente de compra, resulta em punições.
4. Estigma do usuário: a internalização do estigma é identificada nos relatos que trazem nas suas falas a concepção de que usuário de crack não é digno de viver em sociedade.
Conclusões/Considerações Os achados deste estudo são importantes para que políticas públicas locais sejam pensadas e organizadas de maneira condizente com a realidade vivida por essas pessoas. As experiências destes usuários podem produzir ressonância para profissionais que atuam nessa área, no sentido de garantir a estes um cuidado adequado para suas demandas.
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