28/07/2018 - 14:30 - 16:00 CO22l - Precarização social e terceirização |
27430 - HOMENS “SCRAP”: A EXPERIÊNCIA DE CORPOS DESCARTÁVEIS E INCAPAZES ENTRE TRABALHADORES METALÚRGICOS COM LER-DORT. JORGE HENRIQUE SANTOS SALDANHA - DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA – UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA / PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA – INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA / UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, MÔNICA ANGELIM GOMES DE LIMA - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE, AMBIENTE E TRABALHO – PPGSAT/ FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA / UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, ROBSON DA FONSECA NEVES - DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA – UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, JORGE ALBERTO BERNSTEIN IRIART - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA – INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA / UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Apresentação/Introdução A revisão da literatura identifica uma elevada prevalência de LER-Dort entre trabalhadores metalúrgicos, evidenciando o caráter biopsicossocial deste agravo e suas múltiplas repercussões. Apesar do crescente interesse sobre a saúde do homem, pouco se aborda a saúde do trabalhador, considerando as diferenças de gênero e explorando a intersecção saúde do homem-saúde do trabalhador.
Objetivos Compreender como trabalhadores metalúrgicos vivenciam a incapacidade prolongada para o trabalho por LER/Dort e o impacto do adoecimento crônico na construção/desconstrução da masculinidade.
Metodologia Foi realizado um estudo qualitativo baseado em entrevistas narrativas enquanto recurso para aproximações interessadas nas dimensões subjetiva e intersubjetiva da experiência. Fizeram parte desse estudo cinco homens metalúrgicos do setor automotivo, com diagnóstico de LER/Dort. Para as entrevistas narrativas procedemos com as etapas de preparação, iniciação, narração central, fase de perguntas e fala conclusiva. Para análise, as entrevistas foram tomadas como um todo e situadas no contexto da narração. O material transcrito foi submetido a leitura exaustiva de forma horizontal e vertical. Uma leitura comparativa permitiu o reconhecimento das semelhanças e diferenças nas narrativas.
Resultados Os resultados revelaram como o conflito da experiência de adoecimento, a manutenção da identidade masculina, bem como as expectativas de cumprir as regras ditadas pela masculinidade hegemônica são vivenciadas e significadas no cotidiano. A experiência de adoecimento dos metalúrgicos com LER/Dort se expressa na incapacitação para o trabalho, desconstrução da autoimagem, perda da identidade coletiva, desconstrução do Self e interdição do futuro.
Conclusões/Considerações Masculinidade hegemônica expõe os homens a mais riscos em saúde, cumpre papel mediador do adoecimento no trabalho, altera trajetórias de cuidado e explica a resistência dos homens em procurar ajuda. Padrões de gênero influenciam a saúde de homens e mulheres de forma diferenciada, portanto recomendamos a observação destas relações tanto nas investigações sobre as condições de trabalho, quanto na oferta de cuidado a saúde dos trabalhadores.
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