28/07/2018 - 14:30 - 16:00 CO22j - Trabalho e saúde docente |
28859 - “A UNIVERSIDADE ESTÁ DOENTE”: CAPITALISMO ACADÊMICO E SAÚDE DO TRABALHADOR NA PERSPECTIVA DE COORDENADORES DE PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE INSTITUIÇÃO FEDERAL LARISSA ISAURA GOMES - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU), ROSIMÁR ALVES QUERINO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO (UFTM)
Apresentação/Introdução Os programas de pós-graduação strictu sensu constituem cenário privilegiado para a compreensão do modo como as universidades federais tem sido atravessadas pela lógica do capitalismo acadêmico. Os processos de avaliação dos programas e da carreira dos docentes sedimentam uma organização do trabalho docente que prima pelo produtivismo e que corrói os vínculos entre os trabalhadores.
Objetivos Objetivou-se compreender as relações entre saúde e trabalho docente na perspectiva de coordenadores de programas de pós-graduação de instituição federal e os impactos do capitalismo acadêmico na invisibilização de processos de adoecimento.
Metodologia De natureza qualitativa, na construção dos dados empregou-se a técnica de entrevista semiestruturada. Participaram do estudo 17 coordenadores de cursos de mestrado acadêmico, mestrado profissional e doutorado de instituição federal da Região Sudeste. As áreas do conhecimento definidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico foram contempladas. Na análise temática da categoria “saúde do trabalhador” emergiram quatro núcleos de sentido: produtivismo, vivências de prazer/sofrimento, trabalhar adoecido; afastamento por saúde. A pesquisa foi aprovada por Comitê de Ética e desenvolvida no âmbito do mestrado profissional em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador.
Resultados O trabalho confere identidade aos docentes e se expressa em vivências permeadas por prazer e/ou sofrimento. A organização e as condições de trabalho repercutem diretamente na vida e na saúde dos coordenadores. A condição de trabalhadores full time evidencia intensificação e extensificação do trabalho, agravadas pelo uso de tecnologias digitais. O adoecimento e suas relações com o trabalho são invisibilizadas. Individualmente, há a negação do adoecimento, pois estar doente e permanecer no trabalho são descritos como compromisso e responsabilidade. Ainda que identifiquem o adoecimento dos pares, este não se constitui como prioridade na agenda de interesses.
Conclusões/Considerações O estudo demonstrou a invisibilização das relações entre saúde-trabalho-adoecimento pelo presenteísmo e pelo produtivismo. As narrativas sobre adoecimentos de pares são permeadas pela culpabilização dos trabalhadores, ocultando os impactos do trabalho docente sobre o processo saúde-doença. Urge a ampliação de um olhar crítico sobre a saúde do trabalhador docente e a construção de estratégias coletivas de enfrentamento.
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