28/07/2018 - 14:30 - 16:00 CO22i - Saúde do Trabalhador na Atenção Primária - 2 |
23765 - A VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR NA PERSPECTIVA DA ECOLOGIA DOS SABERES: O SABER DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE (ACS) DO CEARÁ JANE MARY DE MIRANDA LIMA - SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ, FÁTIMA SUELI NETO RIBEIRO - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, ANA MARIA CHEBLE BAHIA BRAGA - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
Apresentação/Introdução O Ceará é pioneiro no Programa Agente de Saúde em 1987. Atribui a este e iniciativas não governamentais redução da morbimortalidade infantil. Em 2006, a Secretaria de Saúde (SESA) contratou 7.249 ACS distribuídos nos 184 municípios e 5 Macrorregiões de Saúde, totalizando 3.068 equipes assim distribuídos: Fortaleza 1.254; Sobral 713, Cariri 629, Sertão Central 247 e Litoral Leste/Jaguaribe 225.
Objetivos Este trabalho visa caracterizar as condições de trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde do Estado do Ceará, em particular no tocante aos riscos no território e as demandas expressas na lógica da Ecologia dos Saberes de Boaventura de Souza Santos.
Metodologia No Brasil a política de saúde manteve como pressuposto de prevenção o modelo biomédico que determina a separação cultural entre serviços de saúde e população com diretrizes focadas em mudança individuais de comportamento de risco. Cabe aos ACS orientar os cuidados de saúde recomendados, compreendendo a relação entre doenças e estilos e hábitos de vida. O cenário do processo de trabalho dos ACS se deu a partir dos dados de infraestrutura, saúde e trabalho disponíveis no Instituto de Pesquisa e Estatística Econômica do Ceará. A revisão da literatura permitiu elencar as dificuldades na atenção básica e as queixas locais foram evidenciadas em 2017, a partir de uma Audiência Pública na SESA.
Resultados Os ACS estão sujeitos a ponto eletrônico e metas; atribuições além da competência; más condições de trabalho e adoecimentos. O Ceará entre 2005 e 2015 não está melhor: 34,3% dos domicílios com acesso a esgoto. Óbito por causas externas são 16% do total. Agressões e analfabetismo ultrapassam a média nacional. A renda familiar é inferior à média nordestina com pior situação para mulheres, o trabalho infantil (15,8%) superior a nacional. Pessoas em extrema pobreza chegam a 8,7%. O setor agrícola é o que mais emprega e entre mulheres é comércio. Empresas com mais acidentes estão justamente ligadas à saúde, Atendimento Hospitalar (626 acidentes) e Atividades de apoio à Gestão de Saúde (314).
Conclusões/Considerações Os ACS realizam atividades padronizadas pelo modelo biomédico preventivista, desvinculadas da prática reflexiva, resultando em desperdício de experiências sociais – sociologia das ausências. Respostas não podem vir do conhecimento regulatório, resultado da monocultura da ciência moderna, mas demanda estratégias emancipatórias, com o exercício crítico e a identificação de metodologias para a geração de saberes numa perspectiva intercultural.
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