28/07/2018 - 08:00 - 09:50
COC19h - Intersetorialidade e condições sensíveis à Atenção Básica |
21712 - ENTRE O SUPORTE E O CONTROLE: A ARTICULAÇÃO INTERSETORIAL DA REDE SOCIAL DE SERVIÇOS EM CAMPINAS - SP
MARIANA ROSSI AVELAR - UFSCAR, ANA PAULA SERRATA MALFITANO - UFSCAR
Apresentação/Introdução
A estratégia de ação em rede vem sendo amplamente defendida no bojo das políticas sociais, que são historicamente organizadas em setores e precisam ter suas atuações reorganizadas em vista das complexas demandas. As redes intersetoriais são incentivadas como forma de aumento da efetividade das ações, podendo promover suporte social. Contudo, podem também produzir controle da vida dos pobres.
Objetivos
Mapear as redes sociais em Campinas, SP e investigar a estratégia de articulação entre os serviços das políticas de assistência social, educação e saúde como possível instrumento de suporte social, enfocando a atuação de terapeutas ocupacionais.
Metodologia
Foram entrevistados 13 dos 15 coordenadores distritais das políticas sociais em questão e aplicado questionário com 17 das 36 terapeutas ocupacionais em atuação pela rede municipal. Tais dados permitiram o mapeamento e a caracterização das redes em funcionamento na cidade, considerada pioneira na proposição de iniciativas de articulação intersetorial, notadamente na saúde. Efetivado tal mapeamento, foi realizada a participação e observação em duas redes, por quatro meses, as quais foram escolhidas por indicação dos colaboradores com este estudo. Por fim, nove terapeutas ocupacionais participaram de uma oficina, com o intuito de dialogar sobre a experiência e o papel deste técnico nas redes.
Resultados
Foram mapeadas 78 redes, com predominância na saúde. Foram discutidas as categorias: O que é rede? Quem realiza as ações em rede? Quais as atribuições da rede? Suporte social ou controle? Existe grande consenso no que diz respeito à concepção sobre o que é rede entre os diferentes setores. Afirmam que o objetivo central é a efetivação dos direitos da população. Observa-se que as redes se articulam, principalmente, em torno da discussão de casos ou na promoção de debates sobre uma temática. Evidenciou-se, na observação das redes, a questão da vigilância em torno das famílias. Sobre a terapia ocupacional, há disponibilidade e flexibilidade, mas não especificidade para esse tipo de trabalho.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que existe um distanciamento entre o discurso da importância das redes e sua prática cotidiana, visto que há consenso em torno da necessidade da intersetorialidade, mas, em contrapartida, não se oferece a possibilidade de mudanças institucionais para sua efetivação. Além disso, a função das articulações parece ser ambivalente: buscam garantir suporte social, mas são também dispositivo de vigilância dos sujeitos.
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