27/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC19a - Acesso e acolhimento na Atenção Básica |
27527 - ENTRE A PROMOÇÃO/PREVENÇÃO E A CONSULTAÇÃO/CURA: UM ESTUDO SOBRE AS PERCEPÇÕES DOS TRABALHADORES ACERCA DO PAPEL DA ATENÇÃO BÁSICA. OLÍVIA FÉLIX BIZETTO - UNIFESP, LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CECÍLIO - UNIFESP
Apresentação/Introdução No Brasil, o conceito de Atenção Básica à Saúde (ABS) desenvolveu-se com forte influência do movimento preventivista, trazendo alguma tensão com o modelo médico hegemônico, centrado na atenção médica curativa. As formulações oficiais quanto ao “modelo assistencial” foram muito ampliadas nas últimas décadas. E o trabalhador, o que ele pensa sobre o que deveria ser o papel da Atenção Básica?
Objetivos Caracterizar o que os trabalhadores consideram ser o papel da Atenção Básica, tendo como referência os fundamentos e as diretrizes estabelecidas pela Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), e textos de referência sobre o tema.
Metodologia Foi utilizado o material empírico da pesquisa-matriz: A Atenção Primária à Saúde como estratégia para (re)configuração das Políticas Nacionais de Saúde: a perspectiva de seus profissionais e usuários, cuja metodologia cartográfica buscou captar o dia a dia de sete UBSs na capital paulista e região metropolitana, nas quais os pesquisadores permaneceram de 8 a 12 horas/semana, por 10 a 12 meses, entre 2014 e 2015. Foram selecionadas, nos diários de campo dos pesquisadores, cenas que traziam em seu conteúdo o tema desta investigação, com recortes a partir das palavras “atenção básica”, “atenção primária”, “papel” e “função”. Ambas as pesquisas foram aprovadas pelo Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados Evidenciou-se uma tensão conceitual, na fala dos trabalhadores, entre a concepção de ABS como o local de promoção, prevenção, ações educativas e de cuidado continuado, incluindo a busca ativa, e aquele que preconiza a incorporação de atividades mais clínicas, ditas “curativas” ou emergenciais. Em resumo, há elementos de resistência dos trabalhadores em relação à proposta de ampliação do escopo de atividades da ABS, com destaque para a atenção à demanda espontânea, concentrada no acolhimento. Outros achados se referem ao desconhecimento às propostas contidas na PNAB, à sensação de impotência diante da variedade e complexidade dos casos e a pouca oferta da UBS.
Conclusões/Considerações A fala dos trabalhadores quanto ao papel da ABS, que emergiu no decorrer da pesquisa-matriz, remete à construção histórica da política de saúde no país. A ampliação deste olhar, apontada nas formulações oficiais, não é aceita sem resistência pelos profissionais, com influência no modo como o trabalho é realizado. Tal constatação deverá ser considerada e valorizada nos processos de formação e capacitação das equipes.
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