29/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC16g - Cuidado |
26753 - A VISÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE DA ATENÇÃO PRIMÁRIA SOBRE A MORTALIDADE DE HOMENS ADULTOS POR CAUSAS EXTERNAS ANDRÉ GOMES PACHECO - UNICAMP, GUSTAVO TENÓRIO CUNHA - UNICAMP
Apresentação/Introdução A ocorrência de óbitos por causas externas é preponderante ao sexo masculino. No Brasil, esta representa a primeira causa de morte para homens entre 20 e 59 anos, com grande participação de homicídios e acidentes de trânsito. Ainda são escassas as estratégias de prevenção primária a este tipo de agravo. E a política do SUS para saúde do homem parece centralizar-se na doença urológica.
Objetivos Investigar como os profissionais da APS interpretam a morte de homens adultos por causas externas através dos relatos deles sobre óbitos ocorridos nos territórios. Identificar, ainda, percepções de gênero e os fatores determinantes dessas mortes.
Metodologia A pesquisa, de abordagem qualitativa, deu-se por meio de entrevistas abertas. 10 profissionais de 5 Centros de Saúde de Campinas foram entrevistados. Foram convidados trabalhadores de formação variada que soubessem da morte de homens adultos ocorridas nos últimos 2 anos, dando-se preferência a casos em que o vínculo entre vítima e profissional se constituiu via CS. Na entrevista, o profissional contava sobre o caso e, depois, era solicitado a falar sobre os seguintes pontos: laços do falecido, vínculo dele com o trabalhador e com o CS, fatores determinantes do evento, casos similares, mortes por outras causas externas, saúde do homem. Os dados foram interpretados via análise de conteúdo.
Resultados A maioria dos casos relatados era de homicídio, havendo também episódios de suicídio e acidentes de trânsito. O vínculo das vítimas com o CS tendia a ser frágil ou inexistente. E uma parte dos falecidos eram pais. Enquanto fatores que explicariam os óbitos, apareceram temas como álcool, drogas, criminalidade, impunidade, machismo, educação, saúde mental, família e religião. Individualização, moralização e culpabilização foram depreendidos das falas dos entrevistados. O homem foi descrito como imprudente, teimoso e imaturo, dentre outros adjetivos. De modo geral, eram tratados como categoria homogênea – poucas vezes se falou em atributos distintivos como raça, classe e orientação sexual.
Conclusões/Considerações Argumenta-se que uma política de saúde do homem orientada pela prevenção à mortalidade por causas externas ganharia em legitimidade junto a seu público-alvo. Mas há, sem dúvidas, desafios na concretização dessa proposta. Aventa-se a possibilidade de haver tolerância institucional e social para com esses óbitos, uma vez que eles atingem, em especial, homens em situação de maior vulnerabilidade, que tendem a ser vistos como ameaçadores.
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