29/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC16h - Narrativas |
27343 - O TRABALHO DAS PROSTITUTAS NO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR: RESISTÊNCIA E SABERES COMPARTILHADOS NA PROSTITUIÇÃO LUCIANA PEREIRA BARBOZA - UFRB, MONICA ANGELIM GOMES DE LIMA - UFBA
Apresentação/Introdução A prostituição é compreendida como uma atividade laboral que envolve o comércio de serviços de natureza sexual e o exercício de variadas dimensões da sexualidade. Estima-se que 1% da população feminina brasileira entre 15 e 49 anos de idade desenvolva atividades relacionadas ao comércio sexual, porém, devido ao estigma. as ações de proteção e promoção da saúde dessas trabalhadoras são limitadas.
Objetivos Compreender a organização do trabalho das prostitutas do Centro Histórico de Salvador, os riscos e vulnerabilidades relacionados à ocupação e as estratégias de redução de riscos e proteção da saúde desenvolvidas pelas profissionais.
Metodologia Esse projeto de pesquisa é um estudo qualitativo, de caráter exploratório. No estudo foram realizadas 13 entrevistas abertas para compreender a organização do trabalho na prostituição no território. Foram realizadas visitas aos pontos de prostituição que são acompanhados pela equipe do Consultório de Rua no período de novembro de 2017 a janeiro de 2018, tendo como referência a abordagem de cunho etnográfico. Como referencial de análise foi utilizado a hermenêutica dialética, pois compreende-se que é necessário interpretar o contexto em que o sujeito do estudo está inserido, explorar as semelhanças, diferenças e contradições para compreender a realidade social.
Resultados Identificou-se 2 modalidades de trabalho no território: a modalidade fechada, que ocorre nos bares, bordéis e cinemas, e a modalidade aberta, em que a profissional não está inserida em nenhum estabelecimento e oferta o trabalho nas praças, com processos de trabalho diferenciados. Independente da modalidade, as mulheres que possuem menor vulnerabilidade social têm o processo de trabalho mais organizado, relatam não sofrer violência e utilizam preservativo em todos os programas. As mulheres mais pobres são mais expostas às situações de agressões, calotes e realizam eventualmente programas sem preservativo, pois é melhor remunerado, bem como fazem uso mais abusivo de substâncias psicoativas.
Conclusões/Considerações O trabalho na prostituição nesse território é marcado pelos determinantes sociais, não sendo observados os tradicionais fatores de riscos e vulnerabilidades associados à ocupação na parcela de mulheres que possuem melhor status social. Observa-se que a ocupação é marcada por relações desiguais de gênero e pelo poder masculino sobre o corpo e sexualidade feminina, mas também possibilita que as mulheres acessem uma maior renda e autonomia.
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