27/07/2018 - 08:00 - 09:50
COC16b - LGBT I |
23607 - PARA UM CONHECIMENTO SITUADO: PROBLEMATIZAÇÃO DAS INTERVENÇÕES (BIO)PSICOMÉDICAS NOS CORPOS E VIVÊNCIAS TRANS EM PORTUGAL E NO BRASIL
LILIANA GRACIETE FONSECA RODRIGUES - CPUP E CICS DO ISAVE - INSTITUTO SUPERIOR DE SAÚDE, NUNO SANTOS CARNEIRO - CPUP, MARIA DA CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA CARVALHO NOGUEIRA - FPCEUP E CPUP
Apresentação/Introdução
A história das abordagens (bio)psicomédicas sobre as transexualidades não é recente. Desde a década de 1950, ela tem sido caraterizada por tentativas várias de classificação das pessoas trans. A par destes processos de categorização, as instituições e os discursos sociais, políticos e científicos têm contribuído para a violência contra pessoas trans.
Objetivos
A presente comunicação visa problematizar a (des)construção das identidades das pessoas trans, discutindo a despatologização das transexualidades como possibilidade de alargar os direitos humanos destas pessoas.
Metodologia
Esta comunicação insere-se no doutoramento da primeira autora, onde foram realizadas 35 entrevistas semiestruturadas a pessoas autoidentificadas como trans, transexuais e travestis, no Brasil e em Portugal. Os discursos dos/as participantes deste estudo foram sistematizados segundo a análise temática (Braun & Clarke, 2006), a partir da qual emergiram sete temas principais. Esta comunicação centra-se em dois dos sete temas, a saber: "as intervenções (bio)psicomédicas nos corpos e vivências trans" e "a (des)patologização das transexualidades".
Resultados
Este estudo mostra que algumas pessoas trans realizam modificações corporais com o intuito de combater a transfobia/cissexismo que foram experienciando ao longo dos seus trajetos de vida. Além disso, acreditam que ao tornarem os seus corpos conformes poderão ser mais desejáveis e desejar. O processo de cisnormatividade dá-se então pela ideia, presente nos discursos de algumas pessoas que escutámos, de que, com corpos "integrados", enfrentarão menos discriminações e, por isso, encontrarão formas mais satisfatórias de vivenciar pessoal e socialmente as suas identidades.
Conclusões/Considerações
Este estudo contribui para o aprofundamento da reflexão crítica acerca das vivências/exclusões das pessoas trans, nomeadamente no contexto (bio)psicomédico através de dispositivos de "disciplinarização". Ao mesmo tempo que as estruturas sociais produzem e sustentam as transfobias, as mesmas estruturas são responsáveis por combatê-las, nomeadamente na mudança do paradigma sobre a conceção das transexualidades.
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