27/07/2018 - 13:10 - 14:40 CO16e - Gênero e cuidado II |
23699 - “FIZ PARA ME SENTIR MULHER OUTRA VEZ”: CORPO, CONSTRUÇÃO DE GÊNERO E CIRURGIA PLÁSTICA ESTÉTICA ENTRE MULHERES DE SALVADOR- BAHIA MÁRCIA CRISTINA GRAÇA MARINHO - UNEB, JORGE ALBERTO BERNSTEIN IRIART - UFBA
Apresentação/Introdução Mulheres respondem por mais de 70% de cirurgias plásticas estéticas no Brasil, que ocupa o segundo lugar no mundo nestas cirurgias. Estética gera grande mobilização financeira, e cria novos esquemas de pertencimento em sinergia com relações de gênero, classe e raça. Modificações corporais revelam projetos de individuação e distinção com incorporações de valores sociais sobre aparência física.
Objetivos Compreender, numa perspectiva de gênero, a experiência e significados de mulheres em Salvador sobre corpo, cirurgias estéticas e riscos, e as relações entre as cirurgias e a noção de corpo e investimentos corporais como projeto reflexivo do Eu.
Metodologia Trata-se de estudo qualitativo, de enfoque sócio antropológico, tendo sido realizadas entrevistas semiestruturadas junto a 15 mulheres de camadas médias e médias altas que realizaram cirurgias plásticas de cunho estético nos últimos 10 anos e residentes na cidade do Salvador. Um questionário fechado foi utilizado para identificação do perfil sócio demográfico e mapeamento das cirurgias plásticas realizadas pelas entrevistadas. Análise realizada com comparação entre categorias teóricas e empíricas, captura de significados recorrentes e em oposição e metáforas em cada entrevista e o cruzamento da textualidade do conjunto das entrevistas.
Resultados As entrevistadas empreenderam diferentes projetos de gestão da aparência enquanto uma ação reflexiva de disciplina e monitoramento corporal. A cirurgia estética surge como medida para restabelecer a ideia de corpo “normal” quando seus corpos eram significados como fonte de “vergonha” e “constrangimentos”. As cirurgias estéticas permitiam “se sentir mulher outra vez”, quando seus corpos eram percebidos fora do padrão socialmente esperado. Elas representam a possibilidade de construção de um corpo erótico, mais atrativo, apagando as marcas da maternidade e do envelhecimento. Os riscos associado às cirurgias é vivenciado de forma ambígua, entre a banalização e a tentativa de gestão de risco.
Conclusões/Considerações As cirurgias estéticas representam um recurso médico/estético, terapêutico, com viés de gênero, utilizadas no enfrentamento das ameaças reais e simbólicas da perda de certo tipo de feminilidade. Ao mesmo tempo em que proporcionam a construção de uma nova identidade, não questionam os padrões corporais vigentes consolidando uma construção de si baseada na disciplina, no monitoramento das imperfeições corporais e no corpo como objeto de consumo.
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