26/07/2018 - 13:10 - 14:40
CO16c - LGBT I |
23811 - ESTRATÉGIAS DE PERMANÊNCIA NA IGREJA DESENVOLVIDAS POR GRUPOS DE “CATÓLICOS LGBT” BRASILEIROS E SUAS IMPLICAÇÕES
CRISTIANA DE ASSIS SERRA - IMS/UERJ
Apresentação/Introdução
No contexto dos atuais embates entre atores do campo da diversidade sexual e de gênero e atores que se expressam em linguagem religiosa, e considerando sua relevância para o campo da saúde sexual e reprodutiva, abordei, em minha pesquisa de mestrado, os grupos autoidentificados como “católicos LGBT” no Brasil, explorando suas estratégias para se posicionar e permanecer dentro do campo eclesial.
Objetivos
Examinar as estratégias desses grupos para negociar sua integração ao tecido eclesial, apesar da percepção preponderante de que (1) a diversidade sexual e de gênero aí sofreria violências de toda ordem e (2) religião e sexualidade seriam antitéticas.
Metodologia
Para identificar as estratégias de interlocução dos grupos visados, propus-me a analisar sua produção discursiva pública. Essa decisão restringiu meu campo essencialmente às plataformas digitais do Diversidade Católica, do Rio de Janeiro (site, blog e perfil no Facebook), dados o volume e a sistematicidade de suas publicações, sobretudo no período entre 2010 e 2014, e a declarações de seus membros para veículos de comunicação – as quais, ao lado do site, constituíram minha principal fonte. À época, os demais grupos (São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Ribeirão Preto, Curitiba, Fortaleza, Iguatu e Teresina) não tinham uma produção discursiva representativa que fosse acessível publicamente.
Resultados
A pesquisa veio apontar que a permanência dos “grupos católicos LGBT” brasileiros na Igreja dá-se mediante sua visibilização e autoconstituição em sujeitos eclesiais, legitimadas por uma apropriação do próprio discurso clerical e do diálogo com o discurso identitário do ativismo e o dos “especialistas” das ciências humanas e sociais. Isso não só reconfigura os ambientes eclesiais como parece estabelecer novos ordenamentos: ao “tomar a palavra” a fim de afirmar uma verdade sobre si mesmos, recusando a verdade sobre si que a autoridade eclesial pretende lhes impingir, esses atores ultrapassam a perspectiva da vitimização e se tornam criadores do próprio espaço que habitam – uma “nova Igreja”.
Conclusões/Considerações
As estratégias de permanência dos “católicos LGBT” na Igreja permitem incorporar um sentido mais amplo e plural do que seja o “religioso”, evitando sua redução ao “conservador” e reinscrevendo-o como plural na política sexual, interrompendo a reprodução do senso comum que considera o catolicismo romano, no caso da América Latina, inegociável, e contribuindo para a reapropriação do religioso em termos favoráveis à liberdade e à diversidade sexual.
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