26/07/2018 - 13:10 - 14:40 CO16a - Saúde Sexual e Reprodutiva I |
21437 - MIGRAÇÃO, GÊNERO, NACIONALIDADE/ETNIA E GERAÇÃO NOS CUIDADOS DA SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA ENTRE MULHERES PERUANAS EM UMA OCUPAÇÃO EM BUENOS AIRES ANA MARÍA RICO - ISC/UFBA, JORGE ALBERTO BERNSTEIN IRIART - ISC/UFBA
Apresentação/Introdução O entrecruzamento entre migração e vulnerabilidade em saúde é especialmente destacado em relação às mulheres. No campo da Saúde Coletiva, estudos sobre migrações podem contribuir a visibilizar inequidades sociais no acesso à saúde desses coletivos. Focando na saúde sexual e reprodutiva das mulheres migrantes, a abordagem aumenta a sua potência quando conjugada com a perspectiva de gênero.
Objetivos Analisar como o gênero, a condição migratória, a nacionalidade/etnia e a geração interferem no cuidado da saúde sexual e reprodutiva (SSR) de mulheres migrantes peruanas residentes em uma ocupação na Cidade de Buenos Aires (CABA).
Metodologia Estudo qualitativo baseado na análise de entrevistas com 15 mulheres peruanas de baixa renda entre 19 e 66 anos residentes em uma ocupação na CABA. Entrevistas semiestruturadas foram complementadas com observações registradas em diário de campo durante quatro meses em 2015. A organização do material foi auxiliada pela utilização do programa informático de processamento de dados não estruturados QRS NVivo® versão 7.0.281.0. A análise dos dados procurou uma aproximação às redes semânticas que sustentam os significados e as práticas de cuidado, buscando construir sentido à luz da lógica e dos valores do mundo moral local das participantes da pesquisa.
Resultados Atravessada por estereótipos de gênero e pela história das políticas de população do Peru, a caracterização do “cuidado” em termos de “contracepção/reprodução” contribui para a busca de atendimento biomédico da SSR na CABA, inclusive entre mulheres que nunca recorreram a esse modelo no Peru. Em articulação diversa com práticas tradicionais, a atenção biomédica é valorizada como “oportunidade” a ser aproveitada. Apesar da precariedade das condições de moradia e de trabalho dificultar o acesso, a reconfiguração das relações de autoridade nas famílias e as redes migratórias promovem o acesso das participantes mais jovens e de idade avançada à atenção biomédica da SSR na cidade de acolhida.
Conclusões/Considerações Apesar de que a migração não modifica estereótipos de gênero, propicia transformações na organização familiar que impactam no cuidado à SSR. A associação entre cuidado e contracepção/reprodução incentiva a busca de atenção biomédica, embora indique a necessidade de implementar ações referentes à saúde sexual feminina que, desde uma perspectiva de direitos, visem promover a autonomia das mulheres e transcendam o viés reprodutivo.
|