29/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC27j - Práticas contraceptivas, gravidez e parto e situações de vulnerabilização |
28257 - CUIDADO OBSTÉTRICO DURANTE O TRABALHO DE PARTO E PARTO DE MULHERES COM HIPERTENSÃO NA GRAVIDEZ: ANÁLISE SECUNDÁRIA DO ESTUDO NASCER NO BRASIL LIANA KOSLINSKI MAIA - FIOCRUZ, MARCOS NAKAMURA PEREIRA - FIOCRUZ, SILVANA GRANADO NOGUEIRA DA GAMA - FIOCRUZ, VANESSA EUFRAUZINO PACHECO - FIOCRUZ
Apresentação/Introdução A hipertensão na gestação contribui significativamente para o near miss e morte materna. A maioria desses óbitos são preveníveis, associados ao atraso na assistência obstétrica e ao pouco uso de diretrizes baseadas em evidências. A taxa de cesariana é maior nas mulheres com hipertensão, mas a indução do parto é preferível, sempre que possível, por trazer menos riscos à saúde da mulher.
Objetivos Descrever a via de parto das mulheres com hipertensão na gestação no Brasil, identificando o excesso de cesarianas eletivas nessas mulheres, além de avaliar a relação entre a cesariana eletiva e o near miss materno (NMM).
Metodologia Foram utilizados dados do Estudo Nascer no Brasil, estudo nacional de base hospitalar realizado entre 2011 – 2012 incluindo 23.894 puérperas de uma amostra de 266 hospitais com ≥500 nascimentos/ano, estratificados pelas macrorregiões, localidade (capital ou interior) e fonte de pagamento. Selecionamos mulheres com diagnóstico de hipertensão, idade gestacional entre 34 – 42 semanas atendidas em hospitais públicos. Foram excluídos os casos de placenta prévia, HIV, gemelares, sofrimento fetal e apresentação não cefálica. Foi feito um modelo teórico utilizando gráfico acíclico direcionado e análise de regressão logística múltipla para avaliar a associação entre NMM e cesariana eletiva.
Resultados No total 2.999 (12,6%) mulheres tinham hipertensão, 65% tiveram cesariana eletiva e 7,8% parto induzido. Foram atribuíveis à hipertensão 147 (60,5%) casos de NMM. Para a regressão logística foram incluídas 1950 mulheres das quais 54% tiveram cesariana eletiva e 10,5% parto induzido. O NMM foi mais frequente nas mulheres com cesariana eletiva (OR 2,2 IC 95% 1,1-4,5), idade ≥ 35 anos (OR 2,0; IC 95% 1,0–4,1) e primíparas (OR 2,0; IC 95% 1,1–3,9). Na análise múltipla a chance de a mulher submetida a cesariana eletiva apresentar NMM foi 2,13 (IC 95% 1,02 – 4,43), mesmo controlado por idade materna, paridade, idade gestacional ao nascimento, escolaridade e comorbidades.
Conclusões/Considerações A hipertensão representa elevada carga de doença no Brasil, sendo a primeira causa de morbimortalidade materna. A taxa de indução de parto difere muito do encontrado em países desenvolvidos, onde se observa taxas entre 48 – 70%, mostrando uma falha na assistência obstétrica. O excesso de cesarianas sem indicação clínica pode estar associado a maior risco para a saúde dessas mulheres e seus fetos.
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