Comunicações Orais Curtas

28/07/2018 - 08:00 - 09:50
COC27g - Mulheres em suas fases de vida e perspectivas em saúde

21604 - GESTÃO DO LUTO NA CONTEMPORANEIDADE: SOFRIMENTO COMO PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA
RENATA DE MORAIS MACHADO - UFRJ

Apresentação/Introdução
A análise das formulações acerca da morte e do luto evidencia transformações sociais e culturais. A partir do processo de secularização, o direito do doente de não sofrer passa a ser valor central da sociedade ocidental contemporânea. Sob o ideário dos Cuidados Paliativos, profissionais de saúde buscam promover uma aceitação social da morte e preparação para o luto, objetivando sua superação.


Objetivos
Esta pesquisa objetivou apreender a elaboração teórica referente ao luto na contemporaneidade, a partir das prescrições, em manuais para profissionais de saúde.


Metodologia
Análise de manuais e livros-texto sobre o luto, dirigidos para profissionais de saúde. Esta metodologia é frequentemente usada nas Ciências Sociais, pois a análise dos documentos possibilita uma compreensão dos contextos históricos e socioculturais de sua produção. Para esta pesquisa foram selecionados onze manuais e livros-texto, nacionais e internacionais, específicos sobre luto, e sobre Cuidados Paliativos, considerados referências fundamentais neste campo.


Resultados
O conteúdo extraído dos manuais foi organizado em quatro categorias de análise: definições; referenciais teóricos; fatores de risco e intervenções profissionais. Os manuais não apresentam conceituações aprofundadas do que seria um luto ‘normal’. Contudo, todos os manuais abordam possíveis complicações do luto. Os lutos considerados complicados são: o traumático, o adiado e o crônico. Este último é o mais referido nos livros examinados, e é definido por sua duração e intensidade exacerbadas. É considerado fundamental detectar os fatores de risco que podem afetar o enlutado, para determinar intervenções preventivas ou curativas.


Conclusões/Considerações
O luto é um fenômeno comum e frequente que, por causar sofrimento, interfere no modelo ideal hedonista da cultura ocidental. A psicologização e psiquiatrização do luto configuram um processo de normatização da elaboração da perda, na direção de controle do sofrimento. Ainda segundo os manuais, o luto também pode ser considerado como parte de um processo de aprimoramento de si.

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