28/07/2018 - 14:30 - 16:00 CO27k - Qualidade de Vida e Envelhecimento |
24870 - O CUIDADO DA PESSOA IDOSA EM DOR NO CAMPO DE PRÁTICAS DA SAÚDE COLETIVA WAGNER JORGE DOS SANTOS - INSTITUTO RENÉ RACHOU / FIOCRUZ MINAS, KARLA CRISTINA GIACOMIN - PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE, JOSÉLIA OLIVEIRA ARAÚJO FIRMO - INSTITUTO RENÉ RACHOU / FIOCRUZ MINAS
Apresentação/Introdução As síndromes dolorosas na velhice são subestimadas por profissionais que acreditam ser um processo normal desse contexto de vida. A dor é inerentemente subjetiva, sendo o auto relato do idoso o padrão-ouro para sua avaliação, devendo aos médicos o papel de escuta no cotidiano das práticas. Entende-se o cuidado na dimensão dialógica do encontro, abertura a um autêntico interesse em ouvir o outro.
Objetivos O objetivo desse artigo é compreender o significado atribuído pelos idosos da comunidade ao cuidado da pessoa na velhice que vivencia processo álgico e discuti-lo a partir da abordagem conferida à dor nas práticas de saúde coletiva.
Metodologia A pesquisa foi desenvolvida na perspectiva da abordagem qualitativa, constituindo-se em um estudo de cunho antropológico. O modelo de Signos, Significados e Ações foi utilizado na coleta e análise dos dados, permitindo a sistematização dos elementos do contexto que participam da construção de maneiras típicas de pensar e agir dos idosos diante do processo álgico. Foi realizada entrevista individual semiestruturada com 57 idosos em seus domicílios. Todas foram gravadas e transcritas, permitindo na leitura atenta a identificação das categorias analíticas, fundamentando a análise dos dados na interação entre as diferentes categorias e sua articulação com o contexto sociocultural vigente.
Resultados Acerca do cuidado da dor nas práticas da saúde coletiva emergiram da análise três categorias analíticas: “A dor no contexto de vida”, “A linguagem no cuidado da pessoa em dor”, e “A dor infligida nas práticas de cuidado”. A primeira categoria apresenta a dor como “coisa de velho”, sendo a sua vivência compreendida como algo pertinente e naturalizado para esse momento da vida. A segunda, expõe a linguagem como ferramenta que viabiliza ou não o acesso e o cuidado da pessoa em dor. A terceira, apresenta a dor infligida pela abordagem inadequada dos profissionais nas práticas de cuidado da saúde no sistema público. É preciso humanizar a assistência, pois cuidar é tarefa do (e com o) outro.
Conclusões/Considerações O cuidado da dor é fundamentalmente o cuidado do usuário que vivencia a dor. Para isso, é preciso garantir ao sujeito assistido o respeito a sua singularidade histórica e corporal, seu direito de dizer da sua dor e obter escuta humanizada para seu sofrimento. Cuidar da pessoa idosa em dor na atenção primária é devolver ao sujeito a sua vida, ajudando-o a se ocupar de si, voltar a se organizar preservando qualidade na vida, com, e apesar da dor.
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