26/07/2018 - 13:10 - 14:40 CO1d - Tendências do câncer no Brasil |
28857 - TENDÊNCIAS TEMPORAIS E FATORES ASSOCIADOS AO DIAGNÓSTICO EM ESTÁGIO AVANÇADO DE CÂNCER DE COLO UTERINO: ANÁLISE DOS DADOS DOS REGISTROS HOSPITALARES DE CÂNCER NO BRASIL NELSON LUIZ RENNA JUNIOR - IMS - UERJ, GULNAR DE AZEVEDO E SILVA - IMS UERJ
Apresentação/Introdução O câncer do colo uterino ocupa lugar de destaque entre os tumores que afetam mulheres em todo o mundo, principalmente em regiões de baixa e média renda. No Brasil, a disponibilidade do rastreamento vem aumentando no país desde a década de 1990. Existem, entretanto, variações regionais e as taxas de incidência e mortalidade tendem a ser maiores em regiões dotadas de menos recursos.
Objetivos O presente estudo teve como objetivo analisar a tendência temporal e os fatores associados ao diagnóstico em estágio avançado de câncer do colo uterino no Brasil.
Metodologia Os dados foram obtidos do Registro Hospitalar de Câncer sendo incluídas mulheres com diagnóstico de câncer cervical entre os anos 2000 e 2012. Foi realizado estudo de tendência da evolução dos percentuais de mulheres com doença em estágio avançado através de regressão joinpoint. A análise das características epidemiológicas e clínicas associadas ao estadiamento avançado foi realizada através de regressão logística multinomial. Os casos foram classificados como doença inicial, localizada e avançada de acordo com o estadiamento. Foram calculadas as razões de chance com intervalos de confiança de 95% para as categorias local e avançada em relação à doença inicial.
Resultados Foram analisados 65.843 casos; a mediana do intervalo entre diagnóstico e tratamento foi de 59 dias; o percentual de diagnósticos em estágio avançado aumentou no período
exibindo variação anual de 1,10% (IC95% 0,80;1,50); mulheres com educação superior tiveram menor chance de ter diagnóstico em estágio avançado quando comparadas a analfabetas (OR=0,38; IC95% 0,31;0,47); Mulheres indígenas (OR=2,38; IC95% 1,06;5,33) e negras (OR=1,16; IC95% 1,02;1,31) em comparação às brancas, e mulheres tratadas na região Norte (OR=2,55; IC95% 2,26;2,89) frente às do Sudeste, apresentaram maiores chances; outros fatores associados positivamente ao desfecho foram: idade, tipo histológico, estado conjugal.
Conclusões/Considerações Os resultados apontam para associação entre baixo nível socioeconômico e estadiamento
avançado de câncer cervical, notadamente entre mulheres negras, indígenas e de baixa escolaridade, no Brasil. Análise específica da cadeia causal que norteia essas relações, assim como a identificação de possíveis confundidores não incluídos nesta análise, se somados aos achados aqui apresentados, acrescentariam na busca pela redução dessas desigualdades.
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