27/07/2018 - 08:00 - 09:50
COC14a - Relações público-privadas e dinâmica dos mercados em saúde |
29034 - EXPRESSÕES DA FINANCEIRIZAÇÃO EM EMPRESAS E GRUPOS ECONÔMICOS DO SETOR DE FARMÁCIAS E DROGARIAS.
LEONARDO VIDAL MATTOS - GPDES / IESC / UFRJ, RONDINELI MENDES SILVA - NAF / ENSP / FIOCRUZ, VERA LUCIA LUIZA - NAF / ENSP / FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
A financeirização pode ser entendida como padrão sistêmico de definição, gestão e realização da riqueza no capitalismo contemporâneo, sendo as empresas partes ativas do processo. A luz do conceito, a análise da trajetória de empresas do setor saúde pode revelar mudanças no padrão setorial de acumulação, com repercussões para o sistema de saúde. Neste estudo são analisadas as redes de farmácias.
Objetivos
Analisar os reflexos do processo de financeirização no setor de Farmácias e Drogarias a partir da trajetória recente de suas maiores empresas e grupos econômicos.
Metodologia
O trabalho é parte da dimensão “estrutura proprietária”, do projeto “Complexo Econômico Industrial da Saúde (CEIS) e dinâmica capitalista: desafios estruturais para a construção do sistema universal no Brasil”, que coletou dados de 71 empresas de diversos subsetores do mercado da saúde no período de 2008 a 2016. Os dados utilizados foram extraídos de banco de dados do projeto, que é formado por informações de juntas comerciais, site das empresas, demonstrativos financeiros e relatórios anuais, e veículos de imprensa selecionados. Foram analisadas as sete maiores redes de farmácia em faturamento no ano de 2016.
Resultados
A primeira rede abre capital em 2008. Em 2011 e 2012 ocorre um ciclo de fusões e aquisições com a formação dos grupos Raia Drogasil e DPSP e a criação da BR Pharma pelo banco BTG Pactual. Em 2014, a Extrafarma é adquirida pelo grupo Ultra. A captação de investimentos no mercado financeiro ganha importância na concorrência, já que sustenta o ritmo acelerado de abertura de farmácias, expansão geográfica, ampliação de escala e absorção de tecnologia. Das empresas estudadas, quatro tem capital aberto e fundos de investimentos como acionistas (controladores ou não). Além de atrair investimentos de outros setores, as empresas também diversificaram suas atividades, passando a atuar em novas áreas.
Conclusões/Considerações
A trajetória recente das empresas do varejo farmacêutico indica mudanças no padrão setorial de acumulação, que passam por uma incorporação de atividades e práticas financeiras como elementos determinantes na concorrência territorial, por escala e preços. A concentração de mercado e o avanço das redes mantém ou aprofunda as iniquidades relativas ao acesso a medicamentos e fortalece a provisão privada financiada por desembolso direto.
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