28/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC4b - Aspectos teórico conceituais e metodológicos da saúde coletiva - comunicações curtas - II |
25876 - SAÚDE COLETIVA: ENTRE A RUPTURA E O CONSERVADORISMO TATIANA WARGAS DE FARIA BAPTISTA - ENSP/FIOCRUZ, CAMILA FURLANETTI BORGES - ESCOLA POLITÉCNICA DE SAÚDE JOAQUIM VENÂNCIO/FIOCRUZ, ADELYNE MENDES PEREIRA - ESCOLA POLITÉCNICA DE SAÚDE JOAQUIM VENÁNCIO/FIOCRUZ
Apresentação/Introdução Desafios atuais da saúde coletiva podem ser traçados pelas rupturas e conservadorismos empreendidos por esse ‘campo de saberes e práticas’ desde suas origens. Com este fim, analisamos sua trajetória entrelaçada a 3 dimensões: ao movimento político e social da reforma sanitária, ao processo político-institucional do SUS e ao desenvolvimento da política de ciência e tecnologia no Brasil.
Objetivos Apresentar cada uma dessas dimensões e analisar os desafios para o desenvolvimento do campo frente às questões que se desdobram em sua trajetória, ao pensamento político brasileiro e à crise que se desenvolve desde 2014.
Metodologia A pesquisa empreendeu uma análise do discurso da saúde pública que antecede e, ao mesmo tempo, demarca os enunciados da reforma sanitária, e sua possível interface com o pensamento político e social brasileiro conservador. O discurso é assumido como um saber na perspectiva da análise arqueológica de inspiração foucaultiana, o que permite investigá-lo a partir de seu modo de funcionamento e da construção de condições de conhecimento, e não da racionalidade científica ou do progresso da razão. Compreende a análise arqueológica como estudo histórico e estratégia metodológica de problematização do presente, de estranhamento do passado e de recolocação de desafios na atualidade.
Resultados A saúde coletiva surge desvelando contradições do cuidado em saúde. A passagem do debate acadêmico para o político (reforma sanitária) exigiu sua tradução em projeto de Estado (SUS). Gradativamente fixa-se na relação estabelecida com a política, setorial da saúde e de C&T, se especializando como conhecimento e fragmentando o pensar em saúde. As disputas de projetos desvelaram marcas profundas do pensamento político brasileiro e contradições que se acentuaram a partir de 2014: a fragilidade da seguridade e persistência das desigualdades; as perversidades do financiamento e promiscuidades das relações público-privado; o insulamento da saúde; a distância dos interesses de nossa comunidade.
Conclusões/Considerações O projeto da saúde coletiva precisa ser (re)trabalhado. É preciso sair da caixa estrita da avaliação e da gestão e saber o que se produz, como se produz e para responder a quê. Somos conservadores porque a vida parece não caber nas políticas no Brasil. Trazer a vida como centro das questões do país significa enfrentar as desigualdades e os conflitos que a sustentam. É momento de marcar diferenças de sentido e valores, tratar nossas contradições.
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