28/07/2018 - 14:30 - 16:00 CO32i - Relações e espaços de violência |
22438 - PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E SUAS ASSOCIAÇÕES COM A VIOLÊNCIA ENTRE PARCEIROS ÍNTIMOS: UMA ANÁLISE DE CAMINHOS POR MULTIGRUPOS. TATIANA HENRIQUES LEITE - IMS/UERJ, CLAUDIA LEITE DE MORAES - IMS/UERJ, MICHAEL EDUARDO REICHEINHEIM - IMS/UERJ, ROSANA SALLES DA COSTA - INJC/UFRJ
Apresentação/Introdução A Violência entre Parceiros Íntimos (VPI) é um problema de saúde global. No Brasil, a prevalência de violência psicológica, abuso físico menor e grave ficam em torno de 78.3%, 21.5%, e 12.9%, respectivamente. Há evidências que Programas de empoderamento econômico, como o Programa Bolsa Família (PBF) podem contribuir com a diminuição da violência contra a mulher.
Objetivos O objetivo dessa pesquisa é avaliar a associação do Programa Bolsa Família com a violência física e psicológica contra a mulher, explorando a possibilidade da renda per capita familiar atuar como modificador do efeito dessa relação.
Metodologia Trata-se de um estudo transversal realizado em 2010, em Duque de Caxias. A população de estudo foi composta por 807 mulheres. A coleta de dados foi realizada através de questionário estruturado por equipe de 16 entrevistadores devidamente treinados. A variável fazer ou não fazer parte do PBF nos últimos seis meses foi aferida através de pergunta única dirigida à mulher responsável pelo domicílio. As informações sobre a ocorrência da VPI física e psicológica foram coletadas através das Escalas Táticas de conflito (CTS2). A modelagem principal foi realizada através de análises de caminhos por multigrupo, avaliando a renda per capita como um possível modificador do efeito do PBF na VPI.
Resultados Como resultado principal, foi observado que o Bolsa Família aumenta diretamente o risco de a mulher sofrer violência psicológica entre as famílias com renda per capita superior a 140 reais. Essa associação não é observada para as famílias com renda inferior ou igual a 140 reais. Para a violência física, não foi observado associação direta em relação ao Programa Bolsa Família em ambos os estratos de renda. No entanto, no grupo economicamente mais favorecido, ocorre um efeito indireto do Bolsa Família na violência física através da violência psicológica, aumentando o risco de VPI para esse grupo. Esse efeito indireto não foi observado entre a população mais pobre da amostra.
Conclusões/Considerações Essa pesquisa refutou a hipótese de que o PBF poderia diminuir o risco de VPI física e psicológica.A renda per capita atuou como modificador de efeito da relação entre o PBF e VPI. Outras pesquisas com essa temática deveriam ser realizadas nos diversos cenários brasileiros. Somente dessa forma, a relação entre o PBF e a VPI poderia ser melhor compreendida, e se necessário, direcionar ações de prevenção VPI entre beneficiárias do PBF.
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