28/07/2018 - 14:30 - 16:00 CO32h - Serviços de atenção à mulher |
23514 - DESRESPEITO E ABUSO CONTRA MULHERES EM PROCESSO PARTO NA COORTE DE NASCIMENTOS PELOTAS 2015 MARILIA ARNDT MESENBURG - CENTRO INTERNACIONAL DE EQUIDADE EM SAÚDE, PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA, UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS, MARIÂNGELA FREITAS DA SILVEIRA - DEPARTAMENTO MATERNO-IFANTIL, FACULDADE DE MEDICINA, PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA, UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Apresentação/Introdução O desrespeito e abuso durante o processo de parto é perpetrado contra a mulher por profissionais de saúde, em qualquer momento do atendimento ao parto, e pode ter consequências negativas importantes sobre a saúde da mãe e do bebê. Estudos recentes vêm pesquisando a prática, entretanto, dados quantitativos base populacional são escassos e a magnitude do problema é pouco conhecida.
Objetivos Este estudo tem como objetivo descrever a ocorrência e fatores associados ao desrespeito e abuso durante o processo de parto na Coorte de Nascimentos Pelotas 2015.
Metodologia Esta é uma análise transversal de dados de base populacional, obtidos através de entrevistas face a face com mulheres que deram à luz participantes da Coorte de Nascimentos de Pelotas 2015, uma coorte de base populacional, composta por todos os nascidos vivos em 2015 em Pelotas, extremo sul do Brasil. Informações sociodemográficas e do parto foram obtidas após o nascimento, ainda durante a internação. Informações sobre ocorrência de desrespeito e abuso durante o processo de parto foram obtidas no domicílio, aos três meses de idade da criança. Foram avaliados abuso psicológico, abuso físico, negação de cuidados e realização de procedimentos invasivos/indesejados.
Resultados Das 4280 mulheres entrevistadas, 10% relatou ter sofrido abuso verbal, 6% negação de cuidados, 5% abuso físico e 6% realização de procedimentos invasivos/indesejados. Cerca de 18% sofreu pelo menos um tipo de desrespeito e abuso. Apresentaram maior probabilidade de ocorrência do desfecho mulheres de até 19 anos (PR 1,77; IC95% 1,06 – 2,96), pertencentes ao segundo quintil de renda (RP 1,71; IC95% 1,31 – 2,23), que tiveram internação para parto financiada pelo Sistema Único de Saúde (RP 1,71; IC95% 1,40 – 2,09) e aquelas que foram submetidas a cesariana, mas que entraram em trabalho de parto antes da cirurgia (1,45; IC95% 12,1 – 1,73).
Conclusões/Considerações A prevalência de desrespeito e abuso durante o processo de parto neste estudo foi alta e associada ao tipo de pagamento e tipo de parto. É urgente a implantação de políticas e ações para coibir este tipo de violência, além de mudanças contextuais em normas sociais que resultam na falta de autonomia e controle feminino sobre os processos de seu próprio corpo e vida e nas mais diversas formas de violência contra a mulher.
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