Roda de Conversa

06/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC8.22 - Experiências na Atenção Primária: formação, educação em saúde e gestão do trabalho

51786 - FORMAÇÃO EM SAÚDE E TRABALHO EM EQUIPE: DESAFIOS DO CIRURGIÃO-DENTISTA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
LEVY SOMBRA DE OLIVEIRA BARCELOS - UECE, JOSÉ MARIA XIMENES GUIMARÃES - UECE, KERLEY MENEZES SILVA PRATA - UECE, KARLA AGUIAR CABRAL CUNHA - UECE, PAULO HENRIQUE DE ARAÚJO LIMA FILHO - UECE


Apresentação/Introdução
O Cirurgião-dentista (CD) possui, dentro do sistema de saúde, uma importância fundamental onde é responsável pelos tratamentos de saúde bucal, bem como pela promoção em saúde. A saúde bucal é parte integrante de uma vida com qualidade, sendo indispensável discuti-la, planeja-la e executa-la no âmbito da saúde pública e de um sistema universal de saúde diversificado como o do Brasil.
As equipes de saúde bucal foram inseridas na Estratégia Saúde da Família (ESF) no ano 2000, regulamentado pela Portaria nº 1.444 (BRASIL, 2000). O Ministério da Saúde priorizou um modelo de atenção em saúde bucal não somente voltado para procedimentos clínicos individualizados, mas para a promoção da saúde bucal coletiva, integrando as ações da ESF. Desse modo, valoriza-se o trabalho em equipe na construção da integralidade da atenção à saúde. Contudo, ainda se observam ações fragmentadas e dificuldades de integração da equipe de saúde e da ESF.
Evidencia-se que a não integração destes trabalhadores com o restante da equipe da ESF conduz à execução de atividades sem planejamento estratégico (DA CRUZ et al, 2024). Para romper essa lógica é importante trabalhar a formação em saúde atuando em duas frentes: 1) implementação de diretrizes curriculares alinhadas com a educação interprofissional; 2) que também se fortaleçam ações e atividades de saúde relacionadas à educação permanente em saúde.


Objetivos
Evidenciar a necessidade de formação em saúde adequada para o trabalho em equipe, com vistas à efetiva integração do cirurgião-dentista na estratégia saúde da família.

Metodologia
Realizou-se uma revisão narrativa da literatura, buscando responder ao seguinte problema: "qual a necessidade da educação interprofissional e da educação permanente em saúde para o cirurgião-dentista?".
A pesquisa foi conduzida nas plataformas, BVS e Pubmed, utilizando as palavras-chaves "educação permanente em saúde", "odontologia", "serviços de saúde", “estratégia saúde da família” no período compreendido entre 03 de junho de 2024 e 05 de junho de 2024.


Resultados e Discussão
Os estudos evidenciam que muitos cirurgiões-dentistas não tem entendimento necessário acerca da sua atuação na atenção primaria a saúde e esta incompreensão impõe dificuldades para que este exerça seu papel com efetividade (COSTA et al, 2023). Muitos são os desafios relacionados aos processos de trabalho da saúde bucal na ESF, dentre estes: organização do processo de trabalho; educação em saúde; interprofissionalidade e prática colaborativa; gestão participativa; acolhimento e agendamento dos usuários (OLIVEIRA et al, 2022).
Contudo, observou-se que, no contexto da pandemia, ocasionado pelo vírus Sars-Cov-2, o CD vinculado à ESF exerceu de um papel mais integrado à equipe multiprofissional e vivenciou práticas colaborativas incomuns para a sua atuação profissional. Foi um período imposto pela pandemia, mas que reforçou a potencialidade deste trabalhador no âmbito da atenção primária. Porém, uma vivência de práticas colaborativas e integradoras não é o que se encontra nos territórios.
Ante o exposto, entende-se que faz-se necessário reorientar a formação do CD, ainda tecnicista e centrada na clínica individual, para uma formação em saúde orientada para o trabalho em equipe e atenção integral às necessidades de saúde do território. Ademais, destaca-se que a Educação Permanente em Saúde (EPS) é possível vencer estes obstáculos e transformar os processos de trabalho.
A EPS é conceituada como um mecanismo interativo de ensino e aprendizagem que deve ser ativo, contínuo e que promovam análise, qualifiquem os trabalhadores e se apresenta como fundamental para as mudanças que a atenção primária em saúde brasileira necessita, sobretudo, mudanças em sua atuação através das práticas, como se discute neste trabalho. (OLIVEIRA et al, 2020).


Conclusões/Considerações finais
O CD da ESF desconhece seu campo de atuação e isto reverbera diretamente nas práticas de saúde desempenhadas no território. Ao implantar um modelo de atendimento centrado em procedimentos clínicos, reflexo da sua formação biomédica e para o mercado, ele perpetua um paradigma difícil de superar na ESF que é a de ser um promotor de saúde, integrado à equipe e ao território de atuação. Somente existirá grandes avanços de entendimento neste sentido quando houver intervenção na formação dos graduandos e investimento na educação permanente, assim, qualificando os trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) para o SUS.

Referências
BRASIL.Ministério da Saúde. Portaria nº1.444, de 28 de dezembro de 2000. Brasília, dez 2000. Seção 1,p.85.
COSTA, Gabriele Franco et al. Papel do cirurgião-dentista em visitas domiciliares na estratégia saúde da família (ESF). Ensaios USF, v. 7, n. 2, 2023.
DA CRUZ, Caio Fernando dos Santos et al. Atuação do cirurgião-dentista na estratégia saúde da família: permear entre o prescrito e o real. Contribuciones a las Ciencias Sociales, v. 17, n. 4, p. e6447-e6447, 2024.
OLIVEIRA, Israel Victor de et al. Educação Permanente em Saúde e o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica: um estudo transversal e descritivo. Saúde em debate, v. 44, p. 47-57, 2020.
OLIVEIRA, Millane Teles Portela de et al. Os desafios e as potencialidades da saúde bucal na Estratégia Saúde da Família: uma análise dos processos de trabalho. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 32, p. e320106, 2022.


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