53273 - INFLUÊNCIA DA VISITA REALIZADA PELO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE NA SITUAÇÃO VACINAL INFANTIL LUIZA ESTER ALVES DA CRUZ - UFPI, KALINE VITÓRIA LIMA LIRA - UFPI, IGOR VINICIUS SOARES COSTA - UFPI, EMÍDIO MARQUES DE MATOS NETO - UFPI, RONIELE ARAÚJO DE SOUSA - IHMT/UNL, OSMAR DE OLIVEIRA CARDOSO - UFPI
Apresentação/Introdução A vacinação é uma ferramenta de saúde pública crucial na prevenção e controle de doenças imunopreveníveis, e é dos melhores investimentos para os países (Queiroz et al., 2021). No Brasil, o Programa Nacional de Imunização (PNI) surgiu em 1973 como um dos mais completos do mundo, reconhecido pela sua eficiência, assim como pela implementação de estratégias e logísticas de alcance a toda a população brasileira de forma universalizada e para diversas doenças de agravo social (Temporão, 2003). O esquema básico de vacinação para menores de um ano é constituído pela BCG, hepatite B, pentavalente, poliomielite, rotavírus, tríplice viral, influenza, Covid-19, pneumocócica-10, meningocócica-C e febre amarela. Para que o PNI mantenha elevada qualidade e cumpra sua missão, faz-se necessário que as crianças recebam todas as vacinas, em tempo e doses corretas, consoante o calendário vacinal. A vacinação provoca uma resposta imunológica consideravelmente rápida e está entre os principais tipos de cuidados de saúde à criança (SBIm, 2023). É no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS) que as ações de imunização são efetivamente realizadas. A visita domiciliar realizada pelos Agentes Comunitário de Saúde (ACS) também é um importante instrumento de orientação, e deve ser realizada pelo menos uma vez por mês durante os 12 primeiros meses de vida da criança.
Objetivos Analisar o impacto da visita domiciliar realizada pelos Agentes Comunitários de Saúde na cobertura vacinal de crianças de até um ano de idade em Teresina (PI) entre 2022 e 2023.
Metodologia Estudo descritivo, de abordagem quantitativa, realizado a partir da busca no banco de dados “e-SUS Gestor” da Fundação Municipal de Saúde de Teresina. Foram coletadas informações sobre o número de visitas mensais realizadas pelos ACS por equipe e a proporção de crianças com 12 meses de idade que receberam na APS as vacinas pentavalente e poliomielite inativada em 2022 e no primeiro quadrimestre de 2023. Foi realizado o teste qui-quadrado para avaliar se houve associação significativa entre as duas variáveis. Os dados foram organizados e tabulados utilizando o software Excel 2007 e as análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa Stata versão 14 (StataCorp LP, CollegeStation, EUA -n° de série: 401406370959).
Resultados e Discussão Em 21,7% das equipes houve queda na proporção de crianças vacinadas no primeiro quadrimestre de 2023 em relação ao primeiro quadrimestre do ano anterior. Apenas no segundo quadrimestre de 2022 houve associação significativa entre o número de visitas domiciliares realizados pelos ACS e a proporção de vacinação. Reconhecidamente, os ACS são aqueles que possibilitam um vínculo entre a comunidade e a Unidade Básica de Saúde (UBS), já que dentro do escopo de suas realizações encontra-se a facilitação do processo comunicativo entre ambas. Entretanto, as atividades realizadas pelos ACS, bem como a importância dos agentes em si, podem ser relevadas tanto pela comunidade como pela equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF), o que pode afetar o desenvolvimento da condução dos trabalhos pelos ACS (Kessler et al, 2022). Parte das atividades primariamente definidas para esse grupo está relacionada ao trabalho educativo, que se perde em detrimento de outras atribuições que lhes são impostas (Kessler et al, 2022), o que pode estar refletido na hesitação vacinal. Os ACS atuam como influenciadores no âmbito de campanhas de vacinação, promovendo ações de vigilância relacionadas à imunização, atuando ativamente no processo educativo e de construção da consciência comunitária frente a importância das vacinas para o combate a doenças e a prevenção (Franco et al., 2023). A precariedade do trabalho desses profissionais, juntamente ao negacionismo relacionado a importância das vacinas são alguns dos fatores que interferem diretamente no processo de adesão às campanhas de vacinação (Franco et al., 2023).
Conclusões/Considerações finais Os dados não mostraram uma relação significativa entre as visitas domiciliares realizada pelo ACS na proporção de crianças com 12 meses de idade vacinadas com a poliomielite inativada e a pentavalente. O estudo evidenciou a necessidade de fortalecimento das visitas domiciliares realizadas pelos ACS em Teresina, com foco na vacinação das crianças. Cabe aos gestores e demais profissionais da UBS, sobretudo o enfermeiro que em Teresina é o supervisor do trabalho dos ACS, desenvolver ações estratégicas voltadas à qualificação destes profissionais sobre a importância de manter o cartão de vacinas atualizado, formas de abordagem adequada às famílias, melhorias no registro das visitas domiciliares e organização das estratégias de vacinação. Há a necessidade de novos estudos para se estabelecer relação entre visita domiciliar e cobertura vacinal.
Referências FRANCO, A. N. L. et al. Conhecimento dos agentes comunitários de saúde sobre vacinação: uma revisão integrativa de saúde. Brazilian Journal of Health Review, v. 6, p. 7704-7719, 2023.
KESSLER, M. et al. Prevalência do não recebimento de visita domiciliar pelo Agente Comunitário de Saúde no Brasil e fatores associados. Ciência & Saúde Coletiva, v. 27, p. 4253-4263, 2022.
QUEIROZ, R. C. C. S. et al. Vaccination services and incomplete vaccine coverage for children: a comparative spatial analysis of the BRISA cohorts, São Luís (Maranhão State) and Ribeirão Preto (São Paulo State), Brazil. Cadernos de Saúde Pública, v. 37, 2021.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Calendário básico de vacinação (PNI). 2023. Disponível em: https://sbim.org.br/calendarios-de-vacinacao. Acesso em: 28 nov. 2023.
TEMPORÃO, J. G. O Programa Nacional de Imunizações (PNI): origens e desenvolvimento. História, ciências, saúde-manguinhos, v. 10, p. 601-617, 2003.
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