02/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO7.2 - A (De) colonialidade na pesquisa em comunicação e saúde |
46585 - A COMUNICAÇÃO NA CRISE SANITÁRIA DA COVID-19: CARTOGRAFIAS E INTERSECCIONALIDADES SANDRA RAQUEW DOS SANTOS AZEVÊDO - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, INESITA SOARES DE ARAÚJO - ICICT, FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, MARCIA RODRIGUES LISBOA - ICICT, FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
Apresentação/Introdução Pretendemos neste trabalho compartilhar algumas reflexões emergentes da pesquisa “Pandemia e contextos criativos: cartografia de tecnologias e arranjos de informação e comunicação de populações negligenciadas para enfrentamento da Covid-19” , coordenado pelas pesquisadoras Inesita Araújo e Márcia Lisboa (ICICT, Fundação Oswaldo Cruz), com especial atenção às experiências de comunicação protagonizada pelas mulheres da associação Afya – Centro Holístico da Mulher durante a crise sanitária da Covid-19. O projeto cartografou e analisou cinquenta experiências comunicativas inseridas nas periferias urbanas e rurais, que nos ensinam sobre tecnologias informacionais e comunicacionais realizadas por populações vulneráveis e suas ações estratégicas de enfrentamento à Covid-19 em seus territórios. Neste relato refletimos sobre a experiência comunicativa da Afya - Centro Holístico da Mulher, uma das organizações que participaram desta investigação social que se constituiu num processo de aprendizagem entre comunicadores e comunicadoras populares que protagonizaram diferentes experiências de comunicação em saúde durante a pandemia da Covid-19. A associação atua há mais de vinte anos na capital paraibana, mais precisamente no bairro Alto do Mateus. A caminhada da Afya também se expressa através de suas práticas de comunicação comunitária que constantes em seu fazer cotidiano. Na pandemia da Covid-19, a associação seguiu construindo ações de enfrentamento pautadas na perspectiva da saúde integral, mas encarando os desafios de ampliar o alcance por meio de uma prática de comunicação digital, mais especialmente no ambiente da rede social Instagram, no perfil @afyaorg.
Objetivos Nosso objetivo neste relato de pesquisa segue a perspectiva geral do projeto de investigação “Pandemia e contextos criativos: cartografia de tecnologias e arranjos de informação e comunicação de populações negligenciadas para enfrentamento da Covid-19”, que abrange populações periféricas urbanas e rurais e a produção do conhecimento, identificando tecnologias e as caracterizando em relação ao formato, objetivos, pessoas e recursos que envolvem e as redes que formam. Além de construir conhecimentos sobre as práticas comunicacionais das populações negligenciadas, fundamental para a orientação de quem planeja e produz a comunicação das instituições de saúde.
Metodologia No contexto da pandemia da Covid-19 e seu enfrentamento nos perguntamos sobre quais tecnologias comunicacionais as populações negligenciadas das cidades e campo desenvolvem ou adaptam para a prevenção do contágio e quais suas características. Com base nesta questão fizemos assim uma cartografia destas experiências, perfazendo um total de cinquenta experiências (dez selecionadas em cada núcleo). Ressaltamos ainda que todo processo de construção da pesquisa e suas etapas de validação resultam de uma experiência dialógica, de participação ativa de todos atores sociais envolvidos, e que também foram marcadas por intensa mediação tecnológica, tendo em vista o processo de isolamento e distanciamento social que caracterizou o período desta investigação social.
Resultados e discussão Antes da pandemia, Afya já desenvolvia ações comunicativas, inclusive de caráter digital como um Canal no Youtube e um site, onde está inserido seu Blog. Nestas mídias digitais as colaboradoras contribuem com reflexão no campo da saúde integral. Com a pandemia constatamos que o uso do Instagram teve maior centralidade nas ações de prevenção à Covid-19, com produção sistemática de conteúdo. A rede social também contribuiu para mobilizar apoio às terapeutas e a comunidade fomentando ações de combate ao coronavírus. Ressaltamos que o uso de aplicativo de troca de mensagem foi adotado pela equipe não só para articulação de suas demandas e divulgação das suas atividades que se mantiveram online, mas para fortalecer ações de solidariedade e cuidado à saúde emocional das mulheres num momento de grandes tensões, ansiedade, perdas e luto.
Conclusões/Considerações finais Observamos no conjunto das iniciativas estudadas, inclusive na Afya, uma ecologia comunicacional fluida e adaptada às realidades locais, e caracterizada também pela identidade dos atores e pertencimento aos seus territórios. Uma comunicação comunitária orgânica, hibrida (digital e analógica), articulada. Com características importantes como a pluralidade de meios de comunicação, embora, no período do distanciamento e isolamento social tenha se caracterizado por forte mediação tecnológica. Dialogia representa uma forte característica das experiências comunicativas que transformavam suas bases materiais de produção para garantir, mesmo diante das inúmeras dificuldades, maior circulação no território físico como também no virtual. E incluíam nas atividades comunicacionais demandas humanitárias que atravessaram a pandemia fortalecendo assim laços de solidariedade por meio da comunicação. O que representou uma estratégia importante para preservação da vida e da dignidade humana na pandemia da Covid-19
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