03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC33.4 - APS_ESF_ACS e comunidades tradicionais e contaminação ambiental |
45087 - SAÚDE MENTAL E AS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DAS MULHERES PESCADORAS DIANTE DAS SITUAÇÕES DE CRISE MAXMIRIA HOLANDA BATISTA - UFC, FRANCISCA RACHEL DA SILVA - UFC
Apresentação/Introdução A atuação humana passou a alterar os sistemas terrestres, os fluxos de energia, afetando diretamente a natureza. Essas transformações vem desorganizando os ecossistemas e prejudicando o modo de vida de diversas espécies, incluindo a qualidade de vida de muitas comunidades. No contexto de crises (conflitos socioambientais, derramamento de petróleo e pandemia de covid-19) as comunidades pescadoras sofrem com as injustiças sociais, pois estão submetidas à exposição desigual da poluição e o ônus do desenvolvimento econômico. Os problemas ambientais enfrentados, são intensificados pelo racismo ambiental, que ocorre quando os governos através de suas práticas se utilizam das instituições legais para garantirem que os países do Norte recebam os benefícios do modelo de desenvolvimento proposto, enquanto os custos são destinados aos países do Sul. Tendo em vista os diversos fatores que se interseccionam, tornando tensionadores e intensificadores do sofrimento físico e mental em uma situação de crise, este estudo parte de uma abordagem biopsicossocial do trabalho, compreensão ampla, complexa e não reducionista, que propõe um diálogo constante com conhecimentos das ciências da saúde e com as vertentes da sociologia e da psicologia.
Nesta perspectiva, ao abordar as categorias saúde, trabalho e gênero, pretende-se compreender o impacto das situações de crises na saúde mental das mulheres pescadoras e suas estratégias de enfrentamento. Além de caracterizar o estilo de vida e trabalho das mulheres pescadoras, descrever os impactos dos cenários de crise na saúde mental das mulheres pescadoras e identificar as estratégias de enfrentamento das pescadoras diante os cenários de crise.
Objetivos Pretende-se compreender o impacto das situações de crises(conflitos socioambientais, derramamento de petróleo e pandemia de covid-19) na saúde mental das mulheres pescadoras e suas estratégias de enfrentamento.
Metodologia De forma colaborativa, não extrativista, pretende-se construir conhecimento sob a perspectiva daqueles que sofrem exclusão, dialogando com saberes externos a ciência, saberes que estão presentes nas mais diversas perspectivas de visão de mundo e nas práticas de cada sujeito, a presente pesquisa caracteriza-se como descritiva, que busca analisar um fenômeno, fazendo um exame cuidadoso de dados qualitativos (intenções e interpretações dos participantes) sobre casos particulares. O estudo foi realizado no período de 2020 e 2022,nas Comunidades do Baixo Jaguaribe localizadas no estado do Ceará; A construção de dados foi a partir da observação participante, diários de campo e entrevistas. A analise dos dados foi feita através da análise de conteúdo de Bardin.
Resultados e discussão Diante da invisibilização histórica da vida das comunidades tradicionais diante as politicas publicas do estado ficou evidente a importância das associações, Associação Comunitárias, do Instituto Terramar, do CPP e de tantos outros que fazem parte da rede que fortalece as comunidades, que colaboram na manutenção da luta diária em seus territórios. Além disso, o sentido de comunidade e estratégias como o canto, a conversa cotidiana, a rede apoio, os plantios foram apontados pelas mulheres como estratégias importantes de resistências e enfrentamento diante os cenários de crise que contribuíram para o desenvolvimento da resiliência.
Conclusões/Considerações finais A carência de pesquisas sobre desastres que envolvem países desenvolvimento nos remetem a uma demanda pouco visibilizada pelas redes de atenção à saúde nestes locais. A insuficiência de pesquisas envolvendo a integração de dados sobre a exposição ao petróleo com abordagem de amostras ambientais (água, ar e solo), a escassez de estudos clínicos que envolvam amostras de saliva e sangue, bem como as poucas pesquisas sobre os sintomas auto referenciados de sofrimento psíquico são fortes impedimentos para uma compreensão mais profunda sobre o impacto desse tipo de evento à saúde mental. Além disso, há a necessidade de uma maior integração da vigilância em saúde ambiental e vigilância em saúde do trabalhador visto que desastres ambientais afetam não só a população em geral, os ecossistemas, mas também trabalhadores de comunidades tradicionais historicamente invisibilizados pelas políticas públicas dos estados.
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