Comunicação Oral

03/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO34.2 - Educação Popular , Territórios e decolonialidade

47472 - NAS PERIFERIAS DA CIDADE E DO CAMPO: AGENTES POPULARES NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E NA DEFESA DO SUS
PAULETTE CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE - IAM/FIOCRUZ, PAULO ROGÉRIO ADAMATTI MANSAN - MST / UFRPE, CAROLINA DE TOLEDO BRAGA - IAM/FIOCRUZ, LUIZ CARLOS OLIVEIRA DE FIGUEIREDO - IAM/FIOCRUZ, LIVIA MILENA BARBOSA DE DEUS E MÉLLO - MINISTÉRIO DA SAÚDE, ALEXSANDRA RODRIGUES DE LIMA - MST, SANDREILDO SANTOS - MOVIMENTO CAMPONÊS POPULAR


Contextualização
O SUS e a Atenção Básica são responsáveis pela educação em saúde para lidar com os problemas de saúde e as consequencias destes. No entanto, tem havido dificuldades na mobilização comunitária e na participação da população junto às equipes de saúde. A pandemia desvelou essa realidade e fez emergir a necessidade de envolvimento de novos sujeitos no cuidado com a saúde.
Movimentos sociais articularam a Campanha Mãos Solidárias, focando na formação de agentes populares para trabalhar no enfrentamento à Covid-19 e posteriormente, aos demais problemas de saúde das comunidades. Articulam apoio de universidades e da Fiocruz. São ações educativas e criação de tecnologias sociais na garantia de direitos sociais.

Descrição
O Projeto vem desenvolvendo tecnologias sociais em tempos de Covid-19, com a participação social ativa dos moradores. Realiza de forma integrada pesquisa, formação, extensão com apoio de instituições como a Fiocruz, e com o protagonismo de movimentos socais.


Período de Realização
2020 à 2023

Objetivos
Descrever e analisar a formação dos agentes populares da Campanha Mãos Solidárias no campo e na cidade, como espaços territoriais periféricos e carentes de acesso à saúde integral, refletindo sobre o potencial destes para contribuir para a Vigilância Popular e para a promoção de territórios saudáveis e sustentáveis,


Resultados
O foco inicial da Campanha Mãos Solidárias foi na promoção da equidade produzindo marmitas para a População em Situação de Rua (PopRua) e avançou para as comunidades da periferia do Recife e Região Metropolitana, seguida de comunidades rurais do interior de Pernambuco. Em seguida, partiu-se para a formação dos agentes populares em cursos de 20 horas, em momentos de concentração e dispersão, onde o trabalho prático era iniciado logo após o primeiro momento de encontro e discussão.
Os agentes populares desenvolveram ações de vigilância popular em saúde, identificando famílias com pessoas doentes, em grande vulnerabilidade social ou em outras situações de risco. Nas localidades onde foi possível o envolvimento dos agentes comunitários, a comunicação dava-se diretamente para que fosse procedida a notificação ou tomadas providências necessárias. Nas comunidades onde não haviam ACS, os próprios agentes populares de saúde providenciavam cuidados desde os mais simples como de higiene, até o uso de plantas medicinais. Em outros locais, os agentes populares foram reconhecidos pelas equipes de saúde da família como parceiros e com comunicação direta para solução de problemas.
Ao mesmo tempo, os agentes populares identificaram necessidades de alimentação, moradia, educação, renda e passaram a construir e utilizar tecnologias sociais como os bancos populares de alimentos, hortas urbanas, periurbanas e rurais comunitárias, atividades educativas de rua e nas visitas domiciliares, contribuindo para o enfrentamento da pandemia de Covid-19 e com possibilidades de melhorar a qualidade de vida das comunidades no pós-pandemia. Dentre as tecnologias sociais, também destaca-se a cozinha solidária, promovida no combate a fome e o roçado solidário, espaço nos assentamentos onde a plantação é destinada integralmente às doações e a mão-de-obra é garantida pela solidariedade de pessoas da cidade, voluntários.

Aprendizados
A análise da Campanha Mãos Solidárias, das tecnologias sociais e ações desenvolvidas pelos Agentes Populares tem potencial de retomar a discussão da Saúde e do SUS no seio da população, nos territórios, ampliando a compreensão desse como política pública, potencializando a Atenção Primária e Promoção da Saúde para melhor qualidade de vida do povo. Aprendemos também que o povo tem sua sabedoria que precisa cada vez mais ser respeitada e que um pequeno estímulo ja desperta os "cuidadores naturais" da comunidade como benzedeiras, raizeiros, conhecedores das ervas e plantas medicinais, de práticas de cuidado e muito mais.

Análise Crítica
Quando se trabalha e analisa-se as comunidades em grande vulnerabilidade, observa-se potencialidades que sinalizam transformações concretas dos territórios onde vivem e trabalham. As ações comunitárias dão resultados palpáveis para uma vida mais saudável, assim como são reivindicadas políticas públicas que tendem a mudar as condições sociais na direção do conceito de territórios saudáveis e sustentáveis.
O trabalho educativo nessas áreas tem se somado à vigilância popular, conceito que promove e valoriza a identificação de riscos, doenças ou determinantes e condicionantes do processo saúde-doença nos territórios.