03/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO32.7 - Produzindo cuidados em redes na ateção psicossocial |
46140 - MATRICIAMENTO EM SAÚDE MENTAL: FAVORECENDO A ARTICULAÇÃO INTERSETORIAL COM A ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE YURI EDUARDO PAIVA DO NASCIMENTO - CAPSI CAMARÁ MIRIM, EMANNUELLY JOICY CABRAL CANDIDO - CAPSI CAMARÁ MIRIM, CLAUDIA COELHO HARDAGH - UFPE, DARLINDO FERREIRA DE LIMA - UFPE, JOSÉ MARCOS DA SILVA - UFPE
Contextualização A Reforma Sanitária Brasileira trouxe novas perspectivas e um novo olhar diante das necessidades da população, promovendo mudanças em segmentos da Atenção Primária à Saúde (APS) e Saúde Mental (PRATES et al., 2013). A Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB) com a concepção da desinstitucionalização e do cuidado em liberdade; e a APS com a perspectiva de ações comunitárias- ambos com a proposta de produção e promoção de saúde de base territorial- entendendo a saúde do indivíduo de maneira integral, rompendo com a lógica biomédica (HIRDES, 2009). Dente os serviços de Saúde Mental, o Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi), realiza atenção aos usuários em sofrimentos psíquicos, estimulando o protagonismo dos sujeitos, a (re) inserção social, e o cuidado compartilhado entre diferentes dispositivos da rede (BRASIL,2004). Dentro da concepção de atuação em rede que o SUS traz após a reforma psiquiátrica, a articulação com a APS garante a integração e continuidade do cuidado, promovendo a assistência de maneira integral (NUNES et al., 2022).
Descrição Relatar uma ação de matriciamento em Saúde mental envolvendo o CAPSi e APS no município de Camaragibe-PE.
Período de Realização Dezembro de 2020 à Janeiro de 2023
Objetivos Apresentar a integração do cuidado (matriciamento) entre o CAPSi e APS para a garantia da assistência a um usuário em sofrimento psíquico.
Resultados O CAPSi Camará Mirim realiza um papel estratégica no município de Camaragibe-PE, por ser um serviço de portas abertas, com funcionamento diurno, que promove atenção à crise em saúde mental infantojuvenil através de uma equipe multi/interprofissional, além de realizar articulação intersetorial com 45 Equipes de Saúde da Família, cobertura de 5 equipes do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB). A contratualidade foi realizada com a APS para o acompanhamento a nível territorial de um usuário que apresenta diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e Deficiência Intelectual, que estava em sofrimento psíquico intenso. A articulação foi mediada por dois técnicos de referência do CAPSi (Fonoaudiólogo e Assistente Social), que agendaram previamente uma visita na Unidade de Saúde da Família (USF) de referência para o usuário. A visita presencial foi realizada e o caso foi apresentado para a equipe da APS (Assistente social; Técnica de Enfermagem, Enfermeira e Agente Comunitário de Saúde). Quanto a estratégia do cuidado elaborada através Projeto Terapêutico Singular (PTS), identificou-se a importância do usuário receber acompanhamento intensivo no CAPSí através de atendimentos individuais e grupais; acompanhamento sistemático do Agente Comunitário de Saúde e da Psicóloga do NASF-AB; solicitação da inserção do usuário na instituição escolar viabilização de um profissional de apoio; articulação com o Centro de Referência em Assistência social para benefícios sociais; e favorecer a rede de apoio materna.
Aprendizados Tornou-se possível compreender os processos de trabalho entre os serviços; a importância e complexidade da atuação intersetorial; e o envolvimento de diferentes profissionais para a garantia do cuidado integral do usuário.
Análise Crítica Segundo Bezerra e Jorge (2018), a integração do cuidado entre os serviços rompe com a lógica verticalizada do cuidado, permitindo a horizontalização do cuidar por meio envolvimento de diferentes profissionais e pela realização de ações de bases territoriais. O PTS apresentou-se como um instrumento importante de articulação conjunta para o cuidado do usuário em sofrimento psíquico. Segundo Baptista (2020), o PTS pode ser um instrumento de cuidado de construção compartilhada entre os profissionais de saúde. Para romper com a lógica fragmentada do cuidado em rede entre os serviços, sendo muitas vezes a assistência em saúde mental centralizada nos CAPSi, torna-se importante garantir a contínua prática de matriciamento em rede, envolvendo os profissionais da APS e do CAPSi; além de garantir o fortalecimento da formação profissional por meio de ações de educação permanente em saúde mental. De acordo com Ribeiro e Tanaka (2016); e Rovere (1999), redes são redes de pessoas, se conectam e vinculam pessoas, ainda que esta pessoa seja o diretor da instituição e se relacione através do seu cargo, mas não se conectam cargos entre si, não se conectam instituições em si, não se conectam computadores entre si, se conectam pessoas. Sendo assim, pode-se dizer que redes é a linguagem dos vínculos.
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