03/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO32.5 - Processos coletivos e laços solidários no cuidado em saúde mental |
48110 - ECONOMIA SOLIDÁRIA E SAÚDE MENTAL: IMPORTÂNCIA DO CUIDADO EM LIBERDADE E DADOS SOBRE AS EXPERIÊNCIAS PRESENTES NA INTERNET JOÃO PEDRO NOGUEIRA DA ROCHA FREIRE - LAPS/ENSP/FIOCRUZ/UFF, ANA PAULA FREITAS GULJOR - LAPS/ENSP/FIOCRUZ, PAULO DUARTE DE CARVALHO AMARANTE - LAPS/ENSP/FIOCRUZ
Apresentação/Introdução O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma breve contextualização da Economia Solidária com a Reforma Psiquiátrica e um desdobramento do Projeto de Iniciação Científica (PIBIC) que integra uma pesquisa de levantamento das experiências que utilizaram as redes sociais Instagram e Facebook, além de sites e blogs como estratégia de divulgação, envolvendo a temática Economia Solidária e Geração de Renda em Saúde Mental no campo da Reforma Psiquiátrica. A metodologia utilizada foi a coleta, compilação e sistematização dos materiais encontrados nas redes de contato dessas experiências baseada na metodologia snowball. Os resultados trazidos para essa análise apontam para o modo que a economia solidária vem sendo trabalhada dentro das Redes de Atenção Psicossocial e suas potencialidades. Com o advento da pandemia de COVID-19, se impulsionou o uso da internet como recurso de divulgação de experiências e debate dos principais desafios relacionados ao tema por todo o país.
Objetivos Analisar os dados alcançados através do levantamento realizado no período de 2022/2023 sobre experiências de economia solidária em saúde mental em curso no Brasil que utilizam as redes sociais Instagram e Facebook, além de sites e blogs para divulgação de sua produção e, analisar o funcionamento dessas atividades assim como os principais impasses para a implementação da Economia Solidária no país, tendo o escopo na intersecção entre economia solidária e saúde mental.
Metodologia A metodologia utilizada foi uma pesquisa de levantamento bibliográfico, destacando os principais artigos e teses que envolvem a temática economia solidária e saúde mental para compreensão do debate sobre os impasses da ecosol no país. Além disso, foi feito um levantamento nas redes sociais Facebook e Instagram, e sites e blogs em que foram encontradas experiências e, a partir dos resultados da busca pelos descritores “Economia Solidária”,“Cooperativismo Social” e no cruzamento dos descritores “Saúde Mental” e “Reforma Psiquiátrica” foram coletados os perfis e os seguidores e/ou amigos destes perfis o que possibilitou acesso às redes de contatos destas experiências e a sistematização destes registros.
Resultados e discussão Foram encontrados muitos perfis no Instagram que envolviam experiências de economia solidária em saúde mental. Observou-se um arcabouço de atividades ligadas ao comércio de artesanatos diversos, alimentos, publicização de feiras presenciais e virtuais ligadas aos dispositivos de saúde mental ou desenvolvidos em áreas de circulação na cidade e comunidades. No resultado, essas experiências se destacaram e foram sistematizadas em planilha de Excel e tratado a partir do detalhamento de conteúdo por local e/ou dispositivo da RAPS, região do país, tipo de produção e endereço/link de mídia. Essa etapa do processo se dá de maneira contínua, tendo em vista o fluxo de atividades ao longo do ano. Foi elaborada uma carta em nome do laboratório para contato com as experiências solicitando mais informações, como fotos e relatórios, para alimentar a planilha e facilitar na divulgação. Ao analisar os perfis foi possível ter contato também com as redes de seguidores e relacioná-los através de pessoas e grupos em comum de forma semelhante a metodologia "snowball". Concluiu-se que a distribuição de experiências pelo país não é feita de forma homogênea, logo, as redes sociais têm sido mais utilizadas como um instrumento potente de publicização dessas experiências e também de apresentação dos produtos, já que com o isolamento social em 2020 diversas atividades presenciais foram interrompidas.
Conclusões/Considerações finais Nas Redes de Atenção Psicossocial as experiências pesquisadas se constituem em dispositivos que constroem novas relações entre os usuários e a sociedade. Não apenas no que se diz respeito a ter renda, estes lugares são locais de produção de novas possibilidades e subjetividades, através da ampliação da contratualidade dos sujeitos envolvidos. As práticas que se traduzem nas ações em áreas como oficinas de artesanato, produção e venda de alimentos, blocos de carnaval, grupos musicais, de teatro, dança, corais entre outras, tem como resultado a incorporação de uma lógica solidária que se contrapõe a lógica capitalista de maior produção em menos tempo, individualismo, hierarquia e competição do neoliberalismo e deste modo promove a emancipação dos sujeitos vulnerabilizados e da sociedade como um efetivo processo civilizatório. É estratégico o fomento de políticas públicas de fortalecimento da geração de renda, trabalho e economia solidária que potencializem essas experiências em saúde mental para que desta forma se disseminem no território nacional e se incorporem como eixo estruturante do cuidado e da inclusão social de pessoas em sofrimento psíquico, principalmente as que sofrem ou sofreram com longos processos de institucionalização.
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