Comunicação Oral

03/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO16.6 - Saúde Reprodutiva e ciclos de vida

46392 - SAÚDE, REPRODUÇÃO E SEXUALIDADE NOS TEMPOS DA COVID-19: MEMÓRIAS INCORPORADAS DAS MULHERES NO BRASIL
ANA PAULA DOS REIS - INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA, UFBA, ULLA MACÊDO ROMEU - INSTITUTO GONÇALO MONIZ./ FIOCRUZ BAHIA, NANDA ISELE GALLAS DUARTE - INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA, UFBA, CLAÚDIA BONAN - INSTITUTO FERNANDES FIGUEIRA, FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (IFF/FIOCRUZ), MAIARA DAMASCENO DA SILVA SANTANA - INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA, UFBA, ANDREZA PEREIRA RODRIGUES - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, GREICE DE SOUZA MENEZES - INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA, UFBA, CECILIA ANNE MCCALLUM - FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS/ UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, DÉBORA CECÍLIA CHAVES DE OLIVEIRA - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


Apresentação/Introdução
A pandemia da COVID-19 representou um período da vida marcado por múltiplas experiências. Do ponto de vista sociológico, pode ser tomada como um fato social total, um tempo em que as diversas esferas da vida psíquica e social estão intimamente relacionadas e fortemente afetadas pelo mundo “externo”. A apresentação proposta se dedica a enfocar, especialmente, as dimensões relacionadas à saúde, à sexualidade e à reprodução, a partir de uma perspectiva interseccional e baseada em narrativas de mulheres de diferentes regiões do país.

Objetivos
Compreender como as mulheres no Brasil vivenciaram a saúde e a vida sexual e reprodutiva durante a COVID-19, e refletir como o corpo sexual e reprodutivo, como fato social total, materializa dinâmicas econômicas, políticas, institucionais, culturais e relacionais da crise sanitária.

Metodologia
Foi utilizado questionário online com 113 perguntas objetivas e uma questão aberta no final, onde as mulheres podiam fazer comentários livremente. De 8313 mulheres que responderam ao questionário, 1838 deixaram relatos de memórias da pandemia nesse espaço, material que foi tratado com técnicas de análise narrativa e temática e de construção de memória.

Resultados e discussão
Evidenciou-se ampliação das dificuldades de acesso a serviços de saúde, aprofundamento das iniquidades na divisão sexual do trabalho, com sobrecarga de trabalho doméstico e profissional, insegurança econômica, maior exposição à violência, tensionamentos das relações afetivo-sexuais e importantes agravos psicoemocionais. Todos esses aspectos afetaram as experiências de saúde e adoecimento, a vida sexual, os planos reprodutivos e experiências reprodutivas das mulheres, nos primeiros anos de pandemia.

Conclusões/Considerações finais
No Brasil, na sobreposição da crise sanitária com a crise democrática de direitos, fatos sociais e fatos fisiológicos se misturam e se totalizam na experiência histórica e material do corpo sexual e reprodutivo das mulheres, seguindo as linhas de força das precariedades e injustiças de gênero, de raça e de classe.