03/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO3.4 - Desafios e potencialidades para a formação crítica, decolonial e emancipatória |
47694 - SAÚDE COLETIVA E A REALIDADE DO SEMIÁRIDO THIAGO SANTOS DA SILVA - UFPE, ISABELLE ALICE DOS SANTOS - UFPE
Contextualização As excursões didáticas são atividades que auxiliam o estudante a exercitar o pensamento crítico, associando a teoria e a realidade com maior facilidade, além disso, o processo de aprendizado é dinâmico, o que pode gerar questionamentos e novas produções de conhecimento. Para enxergar o cuidado e a organização do sistema de saúde de maneira completamente ampla, é preciso entender que não basta apenas um medicamento ou um curativo, a saúde vai além, e pode abordar diferentes contextos que precisam ser analisados, e acima de tudo, escutados. Nesse sentido, entende-se a importância de atividades como essa para compreender a desigualdade e o preconceito que essa população sofre, e achar meios mais eficazes de combatê-los.
Descrição A excursão didática foi promovida por uma disciplina do curso de Saúde Coletiva do Centro Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de Pernambuco. Foi desenvolvida por meio de encontros teóricos e atividades de acompanhamento, seguida pela realização de uma viagem de campo de três dias, com o intuito de pôr em evidência as características históricas e ambientais da sociedade sertaneja, questões importantes para conhecer o adoecimento, as especificidades da população e da região, e consequentemente, os determinantes do processo saúde-doença e as estratégias utilizadas para a promoção, prevenção e cuidados nessa área.
Período de Realização Preconizada por encontros presenciais com teor teórico com a finalidade de apresentar o território e as ações desenvolvidas pela instituição Serta, a expulsão foi realizada nos dias 16, 17 e 18 de março de 2023.
Objetivos Entender a sociedade sertaneja como elemento antropológico na formação da nação brasileira, conhecer as tecnologias alternativas em agroecologia e o semiárido nordestino. Compreender as problemáticas que envolve essa população, como a desigualdade social, e suas relações com os direitos humanos e a água. Também foi apresentado o SERTA – Serviço de Tecnologia Alternativa – uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que nasceu de um desejo de que o campo pudesse ser um lugar de qualidade de vida, saúde e bem-estar e de que houvesse uma educação capaz de transformar a realidade de quem vive na zona rural.
Resultados foram realizadas rodas de conversas e relatórios conforme as perspectivas dos estudantes.
Aprendizados Entendeu-se que por anos o Estado manteve o Sertão na margem do esquecimento, não havia interesse em alfabetizar ou ofertar saúde aos sertanejos, assim como não havia interesse em desenvolver aquela região e o povo. Logo, institutos como o Serta, mostram a força e a resistência no processo de emancipação desse povo, que em busca da autonomia, transformaram o que tinham em materiais de sobrevivência. A partir dessa experiência, foi desmitificado a visão do chão rachado e da seca, dos crânios de gados mortos pela fome, de famílias que migravam achando que era a única solução para uma vida digna. A realidade é que o Sertão produz comida de qualidade, fornece oportunidades e que assim como todo lugar, apresenta dificuldades, mas sabe contorná-las.
Análise Crítica : A apresentação da agrofloresta com uma grande diversidade, que inclusive incluía plantas medicinais, em um território que sempre foi descrito como pobre e de difícil cultivo, quebra paradigmas e reafirma o que foi descrito pelos profissionais do local, “plantar não é apenas um verbo, é um ato, um tipo de ato que empodera, que emancipa. ” A relação harmoniosa entre os animais, as plantas e o ambiente apresentados também mostra como podemos cuidar da natureza e do ser humano sem prejudicar nenhum lado. Têm-se exemplos disso na irrigação com palito de pirulito, cd’s utilizados para espantar aves das plantações, matéria orgânica para forragem de solo que mantinha o mesmo úmido e inúmeras outras adaptações tão simples e ainda assim, absolutamente funcionais. Na área da saúde, percebe-se que o Serta desempenha um ótimo papel pedagógico, além de ensinar a manter as plantações e os animais saudáveis diante adversidades climáticas, há também preservação da saúde ocupacional, já que as tecnologias ensinadas estimulavam e proporcionavam que os trabalhadores de todas as idades pudessem se manter ativos. Apesar de não haver um profissional de saúde no instituto, nem papeladas e/ou artigos como é o comum em outras visitações, em cada conversa foi perceptível as ações de promoção à saúde, e como o profissional sanitarista poderia fazer parte de transformações como essa, na educação popular, na produção saudável do campo e na melhoria da qualidade de vida. Afinal, para produzir e garantir saúde é necessário conscientizar a população e torná-la autônoma dos processos de promoção e cuidado à saúde.
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